Divagações: Four Weddings and a Funeral

Tenho a sensação de que, a cada vez que vejo Four Weddings and a Funeral , eu gosto menos do protagonista. Mas acho que não é segredo que o ...

Four Weddings and a Funeral
Tenho a sensação de que, a cada vez que vejo Four Weddings and a Funeral, eu gosto menos do protagonista. Mas acho que não é segredo que o personagem de Hugh Grant, apesar da carinha de bom moço, não é exatamente um “cara legal” quando se trata de relacionamentos. Inclusive, a sequência em que ele é obrigado a se sentar em uma mesa com diversas ex-namoradas deixa isso bem claro.

Aliás, a ideia de que algo fantástico vai acontecer quando você encontrar a “pessoa ideal” não é muito saudável. Todo o filme é construído ao redor dessa noção de uma paixão arrebatadora, de modo que qualquer outro tipo de relacionamento parece menor e menos merecedor de felicidade. Embora eu esteja soando como uma velha amargurada, garanto que sou uma romântica que acredita no amor – mas também sou uma pessoa realista e entendo que há uma boa dose de esforço envolvida.

O grupo de amigos retratado em Four Weddings and a Funeral está naquela fase da vida em que todos ao redor estão se casando, mas eles se sentem ficando para trás. Tom (James Fleet) é o mais empolgado com as festas, mas não tem muitas expectativas para si mesmo. Fiona (Kristin Scott Thomas) está apaixonada por uma pessoa há anos, mas sabe que os sentimentos não são recíprocos. Gareth (Simon Callow) e Matthew (John Hannah), por sua vez, já encontraram uma pessoa especial, mas vivem o romance em segredo.

Sempre acompanhado por seus irmãos – a maluquinha Scarlett (Charlotte Coleman) e o doce David (David Bower) – Charles (Hugh Grant) talvez seja o mais romântico do grupo, mas ele não sabe flertar muito bem e, pelo jeito, sempre arruma motivos ridículos para terminar namoros. Ele sabe que há algo diferente em Carrie (Andie MacDowell), mas uma sucessão de desencontros faz com que essa história não pareça destinada a acontecer.

Four Weddings and a Funeral, então, acompanha o desenrolar da vida de seus personagens ao se concentrar, principalmente, nos cinco acontecimentos citados no título (não se preocupe, pois o funeral não acontece ao final). Particularmente, achei divertido como cada um dos quatro casamentos tem uma personalidade própria, ajudando a retratar os noivos e seus relacionamentos.

O romance do casal principal, entretanto, é um pouco forçado. Da parte dele, o amor parece surgir à primeira vista, sem muitas razões para resistir ao passar do tempo. Da parte dela, o ar misterioso e confiante é, aos poucos, substituído por insegurança e carência afetiva. Mas as curvas do “destino” têm sua própria agenda, aparentemente.

De qualquer modo, Four Weddings and a Funeral também é uma comédia. Repleto de um humor autodepreciativo e irônico (e tipicamente britânico), o longa-metragem se aproveita dos casamentos para apresentar uma variedade de personagens e romances, mostrando todo o tipo de absurdo vinculado a estas festas. É como se estivéssemos de penetra nas celebrações mais atrapalhadas, mas nunca entrando no “besteirol”.

Assim, embora não seja uma obra-prima, o filme acaba entregando algo gostoso de assistir. Parte dessa sensação vem do encontro do diretor Mike Newell com o roteirista Richard Curtis, uma vez que ambos estão em seu ambiente, fazendo o que fazem melhor. Entre o romance e a comédia, Four Weddings and a Funeral traz pelo menos um casamento que funciona.

Outras divagações:
Harry Potter and the Goblet of Fire
The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society

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