Um filme em preto e branco, falado em francês, prestes a completar 60 anos e que leva a assinatura de Jean-Luc Godard. A princípio, Masculin féminin não parece ser nada convidativo – e suponho que não vai ajudar se eu contar que ele é formado por 15 longas sequências, envolvendo os mesmos personagens, mas que não necessariamente possuem conexão entre si e que não exatamente contam uma história com início meio e fim.
Mas eu quero te convencer que este é um longa-metragem realmente interessante. Um dos meus principais pontos para isso está na percepção da contradição inerente aos personagens. Segundo o filme, eles são os “filhos do marxismo e da Coca-Cola”. Eles tentam manter conversas “cabeça”, mas as intercalam com grandes bobagens e não é difícil, após algumas perguntas, perceber o quanto daquilo é uma máscara. Eles são crianças brincando de serem adultos.
Lançado em 1966, Masculin féminin buscava ser um retrato da juventude parisiense da época. Seus personagens vão ao cinema, discutem acontecimentos recentes, falam sobre artistas em alta e abordam questões de moralidade. Por conta destas temáticas, a produção acabou restrita a maiores de 18 anos, algo que decepcionou o diretor, que julgava que o público da produção estava justamente abaixo desta faixa etária.
Visto tanto tempo depois, o filme ganha outras camadas. Agora, os jovens que estão na tela são os nossos idosos; mas, ali, eles seguem em torno dos 20 anos e cometem justamente os erros que se esperaria deles. Os romances frustrados, a falta de comunicação, os tabus, a ignorância sobre o sexo oposto, as ambições e a vontade de mudar o mundo: todos esses aspectos mudaram de foco com o tempo, mas a juventude continua igual, digamos assim.
Fiel a seus personagens, Masculin féminin foi realizado de maneira quase experimental, com uma equipe pequena por trás das câmeras e muita improvisação na frente delas. O resultado é estranhamente cativante, com conversas que parecem ao mesmo tempo muito reais e realmente desencontradas. Há também toda uma dose de ativismo e intelectualismo que não se sustenta muito bem, pois ainda está em busca de suas próprias bases.
Obviamente, este não é um grande entretenimento para ver comendo pipoca, mas não deixa de ser um filme divertido e capaz de gerar muitas conversas. Em particular, as conversas sobre o uso de contraceptivos chamaram a minha atenção, pois eram tão frequentes quanto repletas de meias respostas, mostrando o caráter “comprometedor” da questão.
De maneira geral, Masculin féminin gira ao redor de um casal: Paul (Jean-Pierre Léaud) é um jovem ambicioso e cheio de opiniões políticas, que quer trabalhar escrevendo para uma revista e que está interessado em Madeleine Zimmer (Chantal Goya). Ela, por sua vez, sonha em ser cantora e parece mais interessada em sua carreira que em seu relacionamento.
À medida que a convivência dos dois se torna mais próxima, os amigos também começam a interagir. Do lado dela, há a rígida Élisabeth (Marlène Jobert) e a simpática Catherine-Isabelle (Catherine-Isabelle Duport), que parece interessada em Paul. Já ele traz ao grupo Robert Packard (Michel Debord), um jovem sindicalista que está interessado em Élisabeth.
Ou seja, Masculin féminin acompanha um grupo de jovens comuns, enfrentando as dificuldades típicas do começo da vida adulta. Assim, seu apelo atual reside tanto nas semelhanças como nas diferenças com o momento em que vivemos (e há uma participação especial de Brigitte Bardot).
Mas eu quero te convencer que este é um longa-metragem realmente interessante. Um dos meus principais pontos para isso está na percepção da contradição inerente aos personagens. Segundo o filme, eles são os “filhos do marxismo e da Coca-Cola”. Eles tentam manter conversas “cabeça”, mas as intercalam com grandes bobagens e não é difícil, após algumas perguntas, perceber o quanto daquilo é uma máscara. Eles são crianças brincando de serem adultos.
Lançado em 1966, Masculin féminin buscava ser um retrato da juventude parisiense da época. Seus personagens vão ao cinema, discutem acontecimentos recentes, falam sobre artistas em alta e abordam questões de moralidade. Por conta destas temáticas, a produção acabou restrita a maiores de 18 anos, algo que decepcionou o diretor, que julgava que o público da produção estava justamente abaixo desta faixa etária.
Visto tanto tempo depois, o filme ganha outras camadas. Agora, os jovens que estão na tela são os nossos idosos; mas, ali, eles seguem em torno dos 20 anos e cometem justamente os erros que se esperaria deles. Os romances frustrados, a falta de comunicação, os tabus, a ignorância sobre o sexo oposto, as ambições e a vontade de mudar o mundo: todos esses aspectos mudaram de foco com o tempo, mas a juventude continua igual, digamos assim.
Fiel a seus personagens, Masculin féminin foi realizado de maneira quase experimental, com uma equipe pequena por trás das câmeras e muita improvisação na frente delas. O resultado é estranhamente cativante, com conversas que parecem ao mesmo tempo muito reais e realmente desencontradas. Há também toda uma dose de ativismo e intelectualismo que não se sustenta muito bem, pois ainda está em busca de suas próprias bases.
Obviamente, este não é um grande entretenimento para ver comendo pipoca, mas não deixa de ser um filme divertido e capaz de gerar muitas conversas. Em particular, as conversas sobre o uso de contraceptivos chamaram a minha atenção, pois eram tão frequentes quanto repletas de meias respostas, mostrando o caráter “comprometedor” da questão.
De maneira geral, Masculin féminin gira ao redor de um casal: Paul (Jean-Pierre Léaud) é um jovem ambicioso e cheio de opiniões políticas, que quer trabalhar escrevendo para uma revista e que está interessado em Madeleine Zimmer (Chantal Goya). Ela, por sua vez, sonha em ser cantora e parece mais interessada em sua carreira que em seu relacionamento.
À medida que a convivência dos dois se torna mais próxima, os amigos também começam a interagir. Do lado dela, há a rígida Élisabeth (Marlène Jobert) e a simpática Catherine-Isabelle (Catherine-Isabelle Duport), que parece interessada em Paul. Já ele traz ao grupo Robert Packard (Michel Debord), um jovem sindicalista que está interessado em Élisabeth.
Ou seja, Masculin féminin acompanha um grupo de jovens comuns, enfrentando as dificuldades típicas do começo da vida adulta. Assim, seu apelo atual reside tanto nas semelhanças como nas diferenças com o momento em que vivemos (e há uma participação especial de Brigitte Bardot).
Comentários
Postar um comentário