Quando Good Bye Lenin! foi lançado, mais de 20 anos atrás, eu não consegui achar muita graça naquilo que acontecia na tela – se não me engano, eu e minha mãe quase choramos (é uma “dramédia”, afinal de contas). Talvez esteja na hora de reassistir, pois meu senso de humor pode ter mudado nesse período.
O que me trouxe essa vontade foi Zwei zu eins, outra comédia que se passa no mesmo período, explorando as agruras de quem viveu a queda do Muro de Berlim e o fim do regime comunista que estava em vigor há 40 anos. Dessa vez, pelo menos, eu dei algumas gargalhadas; o que não quer dizer que a produção seja livre de problemas.
Maren (Sandra Hüller) é uma mãe que, assim como grande parte das pessoas que a cercam, está desempregada. Em meio a diversas incertezas, ocorre a demissão do marido dela, Robert (Max Riemelt), e o retorno de Volker (Ronald Zehrfeld), com quem ela tem uma relação complicada. Como os três estão com tempo sobrando, eles decidem explorar uns bunkers próximos com a ajuda de um tio de Robert, Markowski (Peter Kurth).
O que eles descobrem é, basicamente, uma quantidade imensa de dinheiro sem valor, já que a moeda usada na Alemanha Oriental saiu de circulação no dia anterior. A princípio, eles resolvem levar uma quantidade de dinheiro para brincarem, mas a coisa começa a ficar séria quando percebem que ainda há formas de trocar esses valores. Como o volume de dinheiro é muito grande – e, bem, eles são comunistas –, em pouco tempo todo o condomínio entra em um grande esquema.
Desta forma, além do trio principal e do tio mal-humorado, ganham espaço outras figuras do local, como a senhora que já viu de tudo na vida (Ursula Werner), o vizinho desconfiado (Martin Brambach), a amiga que topa qualquer parada (Kathrin Wehlisch), o adolescente encrenqueiro (Anselm Haderer) e por aí vai.
Essa mobilização para fazer lavagem de dinheiro garante alguns dos melhores momentos de Zwei zu eins. Em um contexto em que o clima geral é de derrota e as pessoas se sentem abandonadas pelo Estado, um ato criminoso e sem vítimas é facilmente encarado como uma rebeldia bem justificada. Infelizmente, a produção se perde bastante em seu último terço e o final é efetivamente confuso, mas a jornada até lá foi interessante.
Aliás, os créditos finais revelam que, embora a história escrita e dirigida por Natja Brunckhorst seja fictícia, muitos elementos da trama foram baseados em acontecimentos reais. Ou seja, realmente havia um bunker cheio de dinheiro e, sim, sumiu uma grande quantidade de verdinhas de lá. Só não se sabe quem realmente se deu bem com isso.
De qualquer modo, um ponto que me chamou atenção em Zwei zu eins foi a falta de uma crítica mais enfática ao regime. Embora a produção traga uma representação da corrupção e deixe claro que havia uma insatisfação por parte de diversos personagens, os protagonistas se comportam de acordo com a crença de que um mundo comunista é melhor que um capitalista.
O que quero dizer com isso é que não há uma empolgação com a chegada do novo, apenas uma tristeza pelo sonho que não foi alcançado. Obviamente, eu acredito que isso poderia ser verdade para muita gente, mas suponho que não seria suficiente para contagiar todo um condomínio. O recurso funciona para a história sendo contada, mas também eventualmente tira a ilusão de crença do espectador.
Assim, Zwei zu eins é uma produção divertida e que garante bons momentos, ainda que não seja uma fonte de informações históricas confiáveis (mas ninguém ofereceu isso, não é mesmo?). É um longa-metragem construído a partir dos absurdos do mundo e que, a sua maneira, busca manter o coração no lugar certo.
O que me trouxe essa vontade foi Zwei zu eins, outra comédia que se passa no mesmo período, explorando as agruras de quem viveu a queda do Muro de Berlim e o fim do regime comunista que estava em vigor há 40 anos. Dessa vez, pelo menos, eu dei algumas gargalhadas; o que não quer dizer que a produção seja livre de problemas.
Maren (Sandra Hüller) é uma mãe que, assim como grande parte das pessoas que a cercam, está desempregada. Em meio a diversas incertezas, ocorre a demissão do marido dela, Robert (Max Riemelt), e o retorno de Volker (Ronald Zehrfeld), com quem ela tem uma relação complicada. Como os três estão com tempo sobrando, eles decidem explorar uns bunkers próximos com a ajuda de um tio de Robert, Markowski (Peter Kurth).
O que eles descobrem é, basicamente, uma quantidade imensa de dinheiro sem valor, já que a moeda usada na Alemanha Oriental saiu de circulação no dia anterior. A princípio, eles resolvem levar uma quantidade de dinheiro para brincarem, mas a coisa começa a ficar séria quando percebem que ainda há formas de trocar esses valores. Como o volume de dinheiro é muito grande – e, bem, eles são comunistas –, em pouco tempo todo o condomínio entra em um grande esquema.
Desta forma, além do trio principal e do tio mal-humorado, ganham espaço outras figuras do local, como a senhora que já viu de tudo na vida (Ursula Werner), o vizinho desconfiado (Martin Brambach), a amiga que topa qualquer parada (Kathrin Wehlisch), o adolescente encrenqueiro (Anselm Haderer) e por aí vai.
Essa mobilização para fazer lavagem de dinheiro garante alguns dos melhores momentos de Zwei zu eins. Em um contexto em que o clima geral é de derrota e as pessoas se sentem abandonadas pelo Estado, um ato criminoso e sem vítimas é facilmente encarado como uma rebeldia bem justificada. Infelizmente, a produção se perde bastante em seu último terço e o final é efetivamente confuso, mas a jornada até lá foi interessante.
Aliás, os créditos finais revelam que, embora a história escrita e dirigida por Natja Brunckhorst seja fictícia, muitos elementos da trama foram baseados em acontecimentos reais. Ou seja, realmente havia um bunker cheio de dinheiro e, sim, sumiu uma grande quantidade de verdinhas de lá. Só não se sabe quem realmente se deu bem com isso.
De qualquer modo, um ponto que me chamou atenção em Zwei zu eins foi a falta de uma crítica mais enfática ao regime. Embora a produção traga uma representação da corrupção e deixe claro que havia uma insatisfação por parte de diversos personagens, os protagonistas se comportam de acordo com a crença de que um mundo comunista é melhor que um capitalista.
O que quero dizer com isso é que não há uma empolgação com a chegada do novo, apenas uma tristeza pelo sonho que não foi alcançado. Obviamente, eu acredito que isso poderia ser verdade para muita gente, mas suponho que não seria suficiente para contagiar todo um condomínio. O recurso funciona para a história sendo contada, mas também eventualmente tira a ilusão de crença do espectador.
Assim, Zwei zu eins é uma produção divertida e que garante bons momentos, ainda que não seja uma fonte de informações históricas confiáveis (mas ninguém ofereceu isso, não é mesmo?). É um longa-metragem construído a partir dos absurdos do mundo e que, a sua maneira, busca manter o coração no lugar certo.
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