Divagações: Life or Something Like It

Life or Something Like It

Eu estava passando uns dias tranquilos na casa da minha mãe e, enquanto procurávamos algo para assistir, encontramos Life or Something Like It. Foi perfeito para o que queríamos: compartilhamos algumas fofocas antes de começarmos, demos risadas, fizemos tentativas de adivinhar o final com antecedência e por aí vai.

Fiquei com vontade de “descobrir” mais filmes como esse, já que as comédias românticas parecem relegadas a produções que saem diretamente para streaming, sem uma divulgação relevante ou grandes nomes no elenco. Isso quando há alguma coisa! E vale dizer que esse não é um exemplar comum do gênero, pois as motivações da protagonista não possuem relação direta com o romance em si.

Life or Something Like It conta a história de Lanie Kerrigan (Angelina Jolie), uma repórter de uma rede de televisão local. Ela é muito boa naquilo que faz e tem ambições de chegar a um alcance nacional. Para isso, quer se alçar ao status de celebridade televisiva, o que inclui um namoro um tanto quanto vazio com um famoso jogador de beisebol, Cal Cooper (Christian Kane), embora a tensão com o cinegrafista Pete (Edward Burns) seja palpável.

Mas tudo muda para ela no dia em que conhece Jack (Tony Shalhoub), um profeta em situação de rua que grita previsões sobre o clima e os esportes aos quatro ventos, de cima de um caixote. Em uma entrevista descompromissada, ele faz algumas previsões e, entre elas, garante que Lanie não irá conseguir o emprego dos seus sonhos e que irá morrer em sete dias. A partir desse ponto, ela decide fazer algo para mudar seu destino, o que pode a levar diretamente a ele.

Com essa premissa, Life or Something Like It até poderia se tornar um estudo de personagem e trazer uma maior profundidade, mas convenhamos que não era o objetivo. O filme explora de forma bem-humorada como sua protagonista vai se soltando de sua “casca” bem construída e se aproximando de Pete, deixando para trás o que acreditava ser seu grande sonho – ainda que não sem uma dose de desespero.

Nesse percurso, o que mais diverte são justamente as voltas que a vida dá. Quanto mais se esforça para sair do percurso traçado, mais a protagonista percebe seu próprio valor e, consequentemente, aproxima-se do objetivo inicial. Ao mesmo tempo, ela desenvolve novas perspectivas e acaba mudando suas prioridades. Obviamente, o grande dilema da produção é o “vai morrer ou não vai morrer” e isso se mantém de forma criativa até o final.

Claro que Life or Something Like It não é uma obra-prima ou uma grande narrativa, mas é um filme bem construído e que diverte. Angelina Jolie segura bem a produção, sendo até mais charmosa nos momentos de decadência da personagem em comparação com aqueles em que está tudo sob controle, o que faz com que o espectador crie simpatia por uma pessoa que, a princípio, não é lá muito legal.

Inclusive, o fato de Lanie ser uma mulher ambiciosa, inteligente, bem-sucedida e verdadeiramente preocupada com sua melhor amiga é algo refrescante. Suas decisões questionáveis não prejudicam ninguém além dela mesma, que quer conquistar algo por seus próprios méritos. Nesse contexto, suponho que os dilemas familiares poderiam ser mais bem explorados, mas também sinto que eles estão um pouco deslocados.

De qualquer modo, Life or Something Like It é uma produção singela e que merece ser redescoberta em meio ao catálogo cada vez mais desconjuntado dos serviços de streaming. É um filme interessante e que não demanda grandes investimentos de tempo ou de neurônios, mas que garante entretenimento.

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