Divagações: My Son

My Son

Quando os créditos iniciais de My Son começaram a aparecer na tela, eu me questionei o motivo de um filme com um elenco tão interessante não ter atraído mais atenção. Obviamente, um lançamento em 2021 realmente deve ter atrapalhado, mas a verdade é que a produção simplesmente tem problemas demais.

A premissa, pelo menos, é de um suspense bem convencional. Edmond “Ed” Murray (James McAvoy) é um pai muito ausente e com um emprego que demanda segredos. Entretanto, ele precisa largar tudo e voltar com urgência para sua terra natal quando seu filho de sete anos (Max Wilson) é dado como desaparecido após a primeira noite em um acampamento de férias. 

O que ele encontra é bastante preocupante. A mãe da criança, Joan (Claire Foy), está claramente transtornada e o novo namorado dela, Frank (Tom Cullen), é um cara que parece ser “legal demais”. Para completar, a polícia, liderada pelo inspetor Roy (Gary Lewis), claramente não tem muitas pistas e está limitada por suas próprias regras e burocracias.

Considerando que todos são potenciais suspeitos, My Son tem um bom começo e constrói seu cenário com cuidado. Entretanto, logo na sequência, o filme amplia demais seu escopo e passa a considerar que há algo muito maior por trás do desaparecimento do menino – o que não seria um problema se a produção conseguisse amarrar as pontas soltas.

Com direção de Christian Carion, que assina o roteiro ao lado de Laure Irrmann, o longa-metragem não demora a apresentar um protagonista problemático e não confiável. Ao mesmo tempo, o filme parece querer que o espectador acredite na sinceridade e na intensidade dos sentimentos de Ed; pessoalmente, eu achei que ele iria apenas atrapalhar as investigações e prejudicar a situação do próprio filho.

Uma das “pistas” para essa construção problemática está na própria origem dela. Aparentemente, enquanto boa parte do elenco recebeu um roteiro mais estruturado, James McAvoy tinha a missão de improvisar as ações de seu personagem. O objetivo era que ele realmente estivesse no escuro sobre o desenrolar das coisas, o que criaria ainda mais tensão, mas o resultado foi uma performance inconstante e perdida. 

O detalhe é que você só sabe disso se, como eu, resolve dar uma pesquisada adicional sobre a produção (e acaba caindo em uma resenha como essa). Ou seja, a maior parte das pessoas vai simplesmente encontrar um filme confuso e sem muita justificativa para tal. Minha teoria é que, se My Son tivesse sido um sucesso, a informação seria um dos mais importantes “argumentos de venda” do filme.

Enfim, como eu não tenho interesse em estragar a resolução do mistério, o máximo que posso dizer é que não há exatamente muito a ser desvendado com os elementos que são dados. O foco maior está em acompanhar as investigações de um pai desesperado do que em tentar realmente adivinhar alguma coisa.

Assim, My Son é uma produção bastante irregular. Vale a pena apenas se você é fã de alguém do elenco e/ou das belas paisagens escocesas, sem estar particularmente preocupado com o que acontece na tela. De qualquer modo, talvez o filme original (pois é!), Mon garçon, seja um pouco melhor, mas acho que não vou arriscar.

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