Divagações: One Day
1.4.14
Já que as comédias românticas estão em baixa, que tal tentar um drama romântico? Esse é um dos gêneros mais marcantes que existem, tendo produzido filmes bem mais respeitáveis que seu primo alegrinho. Como eles nem sempre eles se dão bem nas bilheterias, contudo, também não andam muito em alta (aliás, não estamos vivendo uma fase romântica do cinema).
Mas One Day é baseado em um livro que deu certo nas prateleiras das livrarias (e isso é algo que o cinema tem valorizado ultimamente), então, foi só questão de achar o elenco certo. O fato do escritor David Nicholls também ser roteirista de cinema também não atrapalhou. Já a escolha da diretora Lone Scherfig foi um toque de classe que garantiu que o material não saísse do controle nem para o romantismo nem para o dramalhão.
Na história, Dexter (Jim Sturgess) e Emma (Anne Hathaway) começam uma amizade cheia de altos e baixos depois de passarem a noite juntos após a formatura. O filme mostra os aniversários dessa data, estando eles juntos ou não. Problemas familiares, relacionamentos com outras pessoas e questões da vida profissional de ambos são abordados nesse processo, que é sempre acompanhado de uma romântica tipografia que indica o passar do tempo.
Leve e inesperado, One Day consegue trazer poesia e choque de realidade para um único filme, sem perder o ritmo. Por mais que o espectador possa ficar descompassado com os acontecimentos, o roteiro segura as pontas até sua recuperação, para um final que faz tudo valer a pena.
Como acontece com certa frequência em histórias assim, a personagem feminina é uma pessoa boa e séria, que sabe o quer, mas precisa de um apoio moral para chegar lá. Enquanto isso, ele tem muitas oportunidades, mas é imaturo e demora em descobrir o que realmente pretende fazer da vida. Os dois têm momentos bons e ruins, mas eles dificilmente estão na mesma fase ao mesmo tempo, o que garante seus constantes encontros e desencontros.
Os anos se passam rapidamente e fica perceptível que perdemos muito do que acontece com aquelas pessoas a cada corte. É interessante pensar que os protagonistas possuem uma vida além da tela, mas o recurso também é um pouco incômodo. Obviamente, o charme dos dois faz com que muito seja desconsiderado, já que eles conseguem conquistar o público a cada olhar, tropeço ou acerto.
O elenco, contudo, recebe uma ajuda da iluminação e do cenário. A primeira garante um aspecto nostálgico, que é ajudado pelas locações na Inglaterra e na França (a propósito, Anne Hathaway se saiu bem com o sotaque inglês). A trilha sonora também é ótima, embora evite marcar demais os anos que passam – não se preocupem, as perucas assumem esse papel com eficiência.
Embora One Day valorize o senso de humor, o filme é sobre um relacionamento específico e cheio de complicações, não sobre pessoas atrapalhadas que acabam descobrindo a felicidade ao final. Não vou contar o que acontece, mas posso dizer que se trata de um belo romance para assistir com alguém ao seu lado, mas é preciso escolher a pessoa certa para segurar a sua mão quando as lágrimas começarem a cair.
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