Quando comecei a escrever resenhas para o blog, tentava não ler outras para não me influenciar. Depois, percebi que isso é bobagem e que referências nunca são um problema (referências, não cópias, que isso fique bem claro!). 

Assim, um livro como A Magia do Cinema: Os 100 melhores filmes de todos os tempos analisados pelo único crítico ganhador do prêmio Pulitzer é uma pérola. Afinal, o volume conta com resenhas de Roger Ebert e o título do livro no Brasil já explica quem ele é (em inglês, o nome é simplesmente The Great Movies). Em uma nota triste, vale lembrar que o autor faleceu em abril desse ano.

Entre os filmes analisados estão: 2001: A Space Odyssey, Apocalypse Now, Bonnie and Clyde, Singin' in the Rain, Casablanca, Citizen Kane, Vertigo, Fargo, Star Wars: Episode IV - A New Hope, Ladri di Biciclette, The Wizard of Oz, Pinocchio, The Godfather, Pulp Fiction, Network e Gone With the Wind. Durante a leitura tive vontade de rever os que já conhecia e assistir imediatamente todos os demais.

Na edição brasileira, cada filme tem para si em torno de quatro páginas, o que não chega a ser muito, mas as informações trazidas são únicas porque o autor tem uma história com cada uma das obras selecionadas. Como realiza palestras sobre cinema, ele analisa filmes com o público – quadro a quadro – e enxerga muito mais do que as pessoas comuns (anos de experiência também contam). Muitos dos textos se referem a obras que ele viu no lançamento, que foram amadas e/ou odiadas até conquistarem seu espaço no seu coração. 

Digo isso porque os textos passaram por uma dupla seleção. Em primeiro lugar, Ebert escolhia a dedo os filmes que estariam em sua coluna, um espaço mais pessoal publicado pelo Chicago Sun-times entre 1996 e 2001 e que era destinado a obras selecionadas e não aos lançamentos do momento. A partir dessas colunas, ele selecionou as 100 resenhas do livro, que tiveram algumas adaptações para a nova mídia.

Ler as histórias do autor, seus pontos de vista e a forma como ele revisita filmes já conhecidos é algo muito gostoso. Como se não bastasse, todas as resenhas são acompanhadas de uma fotografia da produção em imagens selecionadas também com muito carinho por Mary Corliss, curadora do departamento de mídia e filmes do Museu de Arte Moderna de Nova York. Ou seja, é uma obra que foi feita por quem sabe do que está falando, tendo sido planejada com muito cuidado e dedicação.

Se você gosta de filme e de livros como eu, essas 554 páginas são uma ótima pedida. Para quem deseja comprar, recomendo um cuidado: alguns exemplares da Ediouro apresentam problemas na diagramação que podem prejudicar um pouco a leitura. Como um teste, abra na página 443 e veja se a resenha de Some Like It Hot está completa ou não (a propósito, a minha edição estava justamente com esse problema, mas entrei em contato com a editora e eles foram bem solícitos!).