Divagações: Then She Found Me

Helen Hunt é uma atriz bonita, com uma carreira estável, bons títulos no currículo e um número grande de fãs. Tendo trabalhado no ramo d...

Helen Hunt é uma atriz bonita, com uma carreira estável, bons títulos no currículo e um número grande de fãs. Tendo trabalhado no ramo desde pequena (sua estreia na televisão foi aos dez anos, com o filme Pioneer Woman), ela cresceu aos poucos e sabe com o que está lidando. Suas primeiras experiências na direção foram em 1998 e 1999, na época em que protagonizava sua série mais conhecida, Mad About You. No entanto, Then She Found Me, sua estreia como diretora de cinema foi lançado apenas em 2007.

Ou quase isso. Exibido pela primeira vez no Festival de Toronto, o filme percorreu um longo percurso por mostras em todo o mundo, sendo lançado em circuito limitado nos Estados Unidos apenas em 2008. Em muitos países, apareceu diretamente em DVD e, no Brasil, chegou apenas em 2010. Uma história cheia de tropeços e dificuldades.

Provavelmente é uma coincidência, mas o filme fala sobre uma mulher com uma certa idade que não consegue esconder a impaciência por ainda não ter realizado seu maior sonho – no caso, ter um filho. April Epner (Helen Hunt) está tentando engravidar há algum tempo quando, inesperadamente, seu marido, Ben (Matthew Broderick), a abandona. Como se não bastasse, a mão adotiva de April morre no dia seguinte. A tristeza, no entanto, é deixada de lado com o surgimento de duas novas pessoas em sua vida: Bernice Graves (Bette Midler), uma apresentadora de TV que alega ser sua mãe biológica, e Frank (Colin Firth), o charmoso e recém-separado pai de um dos alunos de April.

Sem ser exatamente um drama ou uma comédia romântica, Then She Found Me se torna um filme difícil de classificar (o que provavelmente deve ter dificultado bastante para seu lançamento comercial). Parece ser um período de loucura na vida de uma pessoa comum, quando tudo vira de cabeça para baixo, as pessoas ficam confusas e nenhuma conversa faz sentido do começo ao fim. Em mais de uma ocasião, a protagonista pede um tempo para pensar sobre o que está acontecendo e tentar encaixar as coisas, embora ela raramente tenha essa oportunidade.

Na companhia de um elenco divertido e bem escalado, Helen Hunt parece confortável como atriz, diretora e roteirista (ela trabalhou em parceria com Alice Arlen e Victor Levin, com base no livro de Elinor Lipman). Mesmo tendo sido filmado praticamente inteiro em locações, o produto final tem uma boa unidade interna e isso se deve em grande parte ao trabalho de Helen como diretora. A paleta de cores é constante e o mundo de April Epner parece combinar com sua personalidade.

Com um elemento religioso forte e constantemente presente, Then She Found Me fala sobre o amor sempre com respeito e em diferentes formas – aos filhos, à profissão, ao parceiro, à mãe, ao irmão, aos amigos e a Deus. Esse sentimento universal consegue, de uma maneira mágica, se inserir na vida de todos e se expressar de diferentes maneiras, variando incrivelmente a cada relação entre indivíduos. Ao lidar com isso evitando ser comédia ou drama e, ao mesmo tempo, sendo os dois, o filme não faz rir nem chorar. Ainda assim, ele esquenta e deixa uma sensação boa no ar, algo como um abraço de mãe.

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