Divagações: The Grand Budapest Hotel

Pode parecer que se trata apenas de ‘mais um’ filme do diretor Wes Anderson , mas The Grand Budapest Hotel é especial. E até os números ...

Pode parecer que se trata apenas de ‘mais um’ filme do diretor Wes Anderson, mas The Grand Budapest Hotel é especial. E até os números conseguem perceber isso, já que se trata da produção independente com a maior bilheteria de 2014, sendo também a maior arrecadação na carreira do cineasta (163 milhões de dólares em todo o mundo). As quatro indicações aos Golden Globes (Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Ator) também apontam que o filme merece atenção.

Para quem já está acostumado com a linguagem de Anderson, The Grand Budapest Hotel é um mergulho no que ele faz de melhor. As cores, a trilha sonora, a organização narrativa, os personagens – tudo atende às expectativas. Já aqueles que ainda não souberem reconhecer uma obra do diretor podem ir até a locadora mais próxima e levar para a casa tudo o que puderem carregar, sem medo de arrependimentos.

Obviamente, há o receio de que o estilo tenha se transformado em fórmula, uma saída fácil para encantar o público. Mas a verdade é que eu ainda não me cansei. Essa forma de contar histórias é tão própria e ninguém ainda ousou imitá-la ou (heresia!) melhorá-la, de modo que cada novo lançamento é cada vez mais celebrado que seu anterior pelos admiradores que se acumulam com o passar do tempo.

À história! Ela se passa na década de 1930 em um luxuoso hotel, às vésperas de uma guerra que ecoa à II Guerra Mundial, mas não é exatamente igual. M. Gustave (Ralph Fiennes) é um prestigiado concierge que, no fundo, não deixa de ser a principal atração do local. Ele desenvolve relacionamentos especiais com muitos de seus hóspedes, incluindo a complicada Madame D. (Tilda Swinton). Quando ela morre, ele acaba entrando em conflito com os interesses do principal herdeiro, Dmitri (Adrien Brody), o que não impede que mantenha sempre a seu lado um funcionário em treinamento, Zero (Tony Revolori).

Tão divertido quanto a história em si é o fato que The Grand Budapest Hotel é visto sob o ponto de vista de alguém que lê alguém contando sobre uma história que foi contada a ele, tudo com muitos anos de distância. Ou seja, não há nenhum compromisso com um narrador fiel aos fatos. Para ajudar nessa salada, o diretor usou diferentes formatos para as cenas passadas em 1932, 1968 e 1985 (2.35:1, 1.85 e 1.37, respectivamente), representando como os filmes seriam exibidos em suas épocas. Mas acredite: não é tão confuso quanto parece.

Com cenários extravagantes e pouco realistas, acompanhados por iluminações forçadas, os personagens entram facilmente no exagero das situações. Nenhum deles representa uma pessoa real ou chega a criar vínculos emocionais com o público, mas todos são igualmente encantadores. Cada novo rosto apresentado também acrescenta uma aura de surpresa e curiosidade, já que o elenco está repleto de nomes conhecidos, como Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Jude Law, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan, Jason Schwartzman, Tom Wilkinson e Owen Wilson. Assim, eu me questiono se o filme terá a capacidade de envelhecer bem, mas eu espero que ele consiga se manter relevante com o passar dos anos.

The Grand Budapest Hotel é uma divertida viagem para um luxo fantástico, uma era que nunca existiu, formada exclusivamente pela nostalgia daqueles que contam a história. É um filme especial justamente por conseguir passar esse sentimento, fazendo o espectador embarcar em uma trama pouco crível, mas incrível.

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