Divagações: Eiga Chuunibyou demo koi ga shitai! Take On Me

Quando uma série de televisão ganha uma incursão aos cinemas, essa é uma oportunidade para aumentar a base de fãs, reintroduzir alguns ele...

Quando uma série de televisão ganha uma incursão aos cinemas, essa é uma oportunidade para aumentar a base de fãs, reintroduzir alguns elementos interessantes podem ter ficado de lado no programa, trazer coisas novas, corrigir alguns detalhes, testar tramas mais elaboradas, enfim... É o momento de expandir horizontes.

Quando se trata de um anime, no entanto, isso pode ser um pouco diferente. Eiga Chuunibyou demo koi ga shitai! Take On Me é um bom exemplo disso. A produção se aproveita do novo meio – capricha ainda mais na animação, conta uma história contida em 1h30 –, mas tudo é encarado como um grande agrado aos fãs do material original; um bônus, por assim dizer. Os personagens até amadurecem e saem do lugar, mas não tanto assim.

Ou seja, se você não assistiu às duas temporadas de Chuunibyou demo koi ga shitai! nem perca seu tempo. Caso decida encarar, posso dizer que a produção honra o "selo Kyoto Animation de qualidade", sendo um produto muito delicado, bem acabado e com uma narrativa encantadora.

Na história encontramos Rikka Takanashi (Maaya Uchida) sofrendo com as provas de seu terceiro ano no Ensino Médio e, para completar, ela está prestes a se mudar de casa mais uma vez – para desespero dela e de seu colega de apartamento/namorado Yuuta Togashi (Jun Fukuyama). Para distrair a irmã da menina e evitar que isso aconteça, Shinka Nibutani (Chinatsu Akasaki) e Sanae Dekomori (Sumire Uesaka) têm uma ideia "brilhante": fingir que eles fugiram para casar enquanto os dois simplesmente viajam pelo país. No entanto, a irmã de Rikka, Tooka (Eri Sendai), parte em uma jornada de perseguição ao casal, inclusive com o apoio relutante das duas meninas.

Com essa premissa, Eiga Chuunibyou demo koi ga shitai! Take On Me aproveita para caprichar nos cenários de belas cidades japonesas e, ao mesmo tempo, sair do ambiente escolar que marcava a série. Mas, por mais que esteja fora do colégio, a protagonista mantém sua principal característica, a “síndrome da oitava série” que a faz viver em um mundo ilusório onde possui poderes mágicos. Essa situação cria muitas situações constrangedoras e, de certa forma, a afasta de seu namorado, criando uma barreira entre os dois que é parte essencial do desenvolvimento da trama.

Aliás, essa delicada atenção dada ao relacionamento dos protagonistas é um dos pontos fortes do longa-metragem. Por mais que a dinâmica entre eles dificilmente se assemelhe a de um casal brasileiro da mesma faixa etária (em torno de 18 anos), é possível embarcar nos dilemas que eles enfrentam. Afinal, mesmo estando cada vez mais perto de entrar em uma faculdade (ou de arrumar um emprego), Rikka segue apegada à infância e a seu mundo de fantasias – e ela sabe disso. Por sua vez, Yuuta tem problemas similares (ainda que em menor grau), mas acrescidos ao fato de que ele precisa entender e respeitar a situação da namorada, amando-a por quem ela é, ainda que isso inclua um tapa-olho e outras esquisitices.

Por outro lado, todos os demais personagens foram reduzidos a sequências breves e feitas para agradar os anseios dos fãs. Kumin Tsuyuri (Azumi Asakura), por exemplo, está presente ainda que não tenha absolutamente nada a acrescentar à trama. Já Nibutani e Dekomori se comportam ainda mais como um estranho e relutante casal, com direito até a chantagens devido a “imagens reveladoras”. Alguns outros personagens contam com aparições brevíssimas, feitas apenas para não os deixar de fora.

De qualquer modo, Eiga Chuunibyou demo koi ga shitai! Take On Me é uma continuação divertida e bastante digna para a história vista até então, dando continuidade para a jornada de amadurecimento de seus protagonistas. Quem está com saudades de Rikka e companhia deve aproveitar.

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