Divagações: Pride and Prejudice and Zombies

Quando surgiu a moda de adaptações na literatura, com grandes clássicos ganhando elementos como zumbis, vampiros, ninjas, piratas e afins,...

Quando surgiu a moda de adaptações na literatura, com grandes clássicos ganhando elementos como zumbis, vampiros, ninjas, piratas e afins, eu admito que me diverti bastante (claro que a fórmula cansa, mas algumas ideias foram realmente brilhantes!). Um dos primeiros autores a explorar esse recurso foi Seth Grahame-Smith, e não demorou para que seus livros fossem para a tela do cinema. Para começar veio Abraham Lincoln: Vampire Hunter, mas minha primeira leitura do “gênero” não demoraria a dar surgir, com Pride and Prejudice and Zombies.

A história é a mesma do clássico livro de Jane Austen – ou quase. No filme, acompanhamos as cinco irmãs da família Bennet em plena Inglaterra do século 19. Porém, além de ambicionarem um bom casamento, elas também precisam pegar em armas e lidar com uma infestação de zumbis.

A irmã mais velha, Jane (Bella Heathcote), parece estar com tudo certo em seu caminho ao encontrar o jovem Bingley (Douglas Booth). Entretanto, ele se afasta inesperadamente, provavelmente seguindo um conselho de suas irmãs e de seu melhor amigo, o arrogante Darcy (Sam Riley). A situação é mais uma a incomodar a segunda irmã, Elizabeth (Lily James), uma moça que enfrenta com a mesma altivez as lutas contra os mortos-vivos e as ocasiões sociais da comunidade local. No entanto, seu mundo enfrenta uma reviravolta quando os avanços dos zumbis coincidem com a necessidade de rever seus conceitos (e sentimentos) sobre Darcy.

Com suas mudanças na trama original e a inclusão da ameaça zumbi, Pride and Prejudice and Zombies consegue fazer algo que muitas adaptações da história tentam sem sucesso: dar algo para os personagens masculinos mostrarem a que vieram. Mas não é como se Booth e Riley soubessem aproveitar a oportunidade. Os dois se perdem no tom do filme, parecendo querer entregar mais um romance em vez a aventura absurda prometida, com direito a Riley carregando em uma voz grave e arranhada para tentar dar um tom ameaçador e sombrio ao personagem (ele tentou, pelo menos).

Dessa forma, o filme acaba mesmo nas costas de Lily James – que até dá conta do recado – e da brincadeira visual de mostrar mocinhas inglesas altamente armadas e treinadas em artes marciais. Quem gosta da trama original e está disposto a comprar a ideia, pode se divertir sem muitas consequências.

No processo, algumas histórias paralelas quase não precisaram de alterações, como todo a chatice do primo das protagonistas, Collins (Matt Smith). Em contrapartida, as ações de Lady Catherine de Bourgh (Lena Headey) fazem bem pouco sentido – mas talvez seja melhor não pensar muito sobre isso. Também é preciso considerar que boa parte do livro de Seth Grahame-Smith foi simplificada em favor de uma grande batalha final, o que alterou consideravelmente a trajetória de George Wickham (Jack Huston) e, sinceramente, também acabou prejudicando a moral do próprio Darcy (novamente, talvez não seja lá muito bom refletir sobre motivações e estratégias).

Dito isso, Pride and Prejudice and Zombies funciona para quem está com saudades da história de Jane Austen e aceita que sejam feitas brincadeiras com ela (mas, sinceramente, o livro explora o recurso de uma forma mais interessante). Já quem não conhece o material, ou simplesmente não se importa com ele, vai encontrar um filme de zumbi com um contexto diferente e um romance meio atravessado (o que traz um absurdo cômico para a situação, convenhamos), sendo divertido o suficiente para merecer um balde de pipoca.

Outras divagações:
Charlie St. Cloud
Abraham Lincoln: Vampire Hunter

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