Divagações: Jumanji: Next Level

Sou o primeiro a admitir que Jumanji: Welcome to the Jungle foi uma daquelas gratas surpresas onde você espera uma tragédia completa, mas...

Sou o primeiro a admitir que Jumanji: Welcome to the Jungle foi uma daquelas gratas surpresas onde você espera uma tragédia completa, mas se deparar com um filme bastante divertido. Um sucesso inesperado em 2017, a produção logo teve uma continuação aprovada. Ainda que ela pareça desnecessária, bem, a verdade é que podemos dizer o mesmo do longa-metragem anterior.

Jumanji: Next Level, porém, não conta com o fator surpresa de seu antecessor e meu receio era que ele realmente acabasse sendo mais do mesmo. No final das contas, a verdade é que ele é mais ou menos isso, mas que não se trata exatamente uma coisa ruim. Afinal, a produção acaba sendo algo maior do que a soma de suas partes.

A história se passa alguns anos depois do filme anterior e vemos que a vida segue para o grupo de protagonistas. Martha (Morgan Turner) aprendeu a lidar com a timidez e está finalmente se dando bem na faculdade, Bethany (Madison Iseman) deixou de lado a vida de patricinha para viajar fazendo trabalho voluntário na América do Sul, e Fridge (Ser'Darius Blain) continua sendo o mesmo esportista de sempre, agora em um nível mais elevado.

Porém, Spencer (Alex Wolff) não compartilha o mesmo otimismo dos demais. Apesar de ter ido estudar em Nova York, ele pouco a pouco vai sendo corroído por dúvidas e inseguranças que o levam a tentar consertar o console de videogame amaldiçoado que os levou para Jumanji. No processo, ele é sugado de volta ao jogo e, agora, cabe a seus amigos retornar a Jumanji para encontrá-lo.

Entretanto, o processo acaba levando ao jogo dois convidados inesperados: Eddie Gilpin (Danny DeVito), avô de Spencer, e Milo Walker (Danny Glover), um antigo amigo de Eddie, que tentava se reconectar com ele depois de anos de conflito. Controlando Dr. Smoulder Bravestone (Dwayne Johnson), Moose Finbar (Kevin Hart), Ruby Roundhouse (Karen Gillan) e o professor Shelly Oberon (Jack Black), o grupo tem algumas mudanças nos jogadores e precisa passar por uma nova aventura para voltar para casa a salvo.

Com isso, Jumanji: Next Level não conserta nenhum dos problemas do seu antecessor. A edição continua um pouco esquisita e brusca e o filme definitivamente não consegue capturar bem a estética e o feeling de videogame (e, pessoalmente, acho que esse é um desperdício completo). Além disso, a premissa da troca de corpos está um pouco repetitiva, ainda mais porque Dwayne Johnson não tem lá muitas variações (ele está melhorando, acho).

Mas, como eu disse, o longa-metragem acaba sendo mais do que as suas partes e, a despeito dos problemas, é um filme bastante divertido. As piadas, ainda que meio bobas, funcionam, e todo mundo parece estar se divertido muito fazendo vários personagens diferentes, ainda que eles tenham que ser reduzidos em complexidade para encaixar os maneirismos a algo reconhecível.

Mesmo que caia em uma representação bastante caricatural, Jumanji: Next Level tem, surpreendentemente, bastante coração. Os dramas centras dos personagens são fáceis para o público se identificar e, mesmo que as resoluções para esses conflitos não fujam do lugar comum, a conexão emocional está lá e é bem genuína.

A aventura por si só é bem básica, mas está um pouco melhor desenvolvida do que a do filme passado. O grupo de vilões é mais interessante e os cenários são um pouco mais diversos e visualmente chamativos. Já os efeitos visuais ficam na linha da mediocridade – ainda que não cheguem a incomodar, eles também não trazem o mesmo senso de fascínio e de peso que um filme desses gostaria de ter.

De qualquer modo, a falta de pretensão e o timing cômico são os elementos que amarram tudo isso e deixam o resultado coeso, transformando o filme em uma experiência agradável e digna dos melhores blockbusters pipoca por aí. Jumanji: Next Level não é memorável e nem traz uma grande mudança na série, mas é exatamente o que você espera dele, sem necessariamente se tornar tedioso pela repetição.

Não sei se a fórmula aguenta mais um episódio, mas, pelos rumos do filme, não me parece que o diretor e roteirista Jake Kasdan queria repetir a dose mais uma vez. Ele já deixou claro que uma possível continuação pode acabar sendo muito mais próxima do filme de 1996 do que destes últimos capítulos da franquia, o que é uma perspectiva interessante – e talvez seja o que é preciso para manter as coisas frescas.

Outras divagações:
Jumanji: Welcome to the Jungle

Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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