Divagações: Encanto
12.1.22
Admito que eu não estava no “estado de espírito” certo para assistir Encanto. Mesmo assim, não foi exatamente um desafio embarcar nessa história de uma família que está vivendo de aparências e é extremamente apegada a um “milagre” do qual seus membros dependem, mas não têm controle.
Aliás, embora eu soubesse que a trama envolvia uma casa mágica, pessoas com poderes inexplicáveis e uma família de tamanho considerável (com pelo menos três gerações vivendo sob o mesmo teto), sinto que eu não estava exatamente ciente do tom mais realista que a produção poderia assumir. Pois é, você não leu errado: por trás de tantos elementos fantásticos, o drama é simples e de fácil identificação.
Encanto nos leva para dentro da família Madrigal a partir do olhar de Mirabel (Stephanie Beatriz), uma jovem que se destaca do restante justamente por ser absolutamente normal. Sua avó Alma (María Cecilia Botero) é a matriarca, uma mulher que sofreu na vida e recebeu um “milagre”, representado por uma vela que não se apaga, uma casa bastante interativa (na falta de um termo melhor) e um “dom” para cada membro da família – com a óbvia exceção de Mirabel.
Em resumo, a mãe de Mirabel se chama Julieta (Angie Cepeda) e pode curar qualquer coisa com sua comida, sua irmã Luisa (Jessica Darrow) tem uma força descomunal e sua irmã Isabela (Diane Guerrero) produz flores. Já a tia Pepa (Carolina Gaitan) controla o tempo, a prima Dolores (Adassa) tem uma super audição e o primo Camilo (Rhenzy Feliz) pode assumir a aparência de qualquer pessoa. Por fim, o primo Antonio (Ravi Cabot-Conyers) está prestes a receber seu dom em uma cerimônia que atrai toda a cidade. Ah... Há também o tio Bruno (John Leguizamo), que pode ver o futuro, mas ele foi embora e ninguém fala mais dele.
O problema acontece quando a casa começa a apresentar rachaduras que, a princípio, só Mirabel parece enxergar; além disso, a avó está particularmente preocupada em provar para a comunidade que a magia da família segue firme e forte. A jovem, então, decide investigar o que pode estar acontecendo e, no processo, percebe que nem todos os membros do clã estão tão felizes e realizados quanto parecem.
É este processo de “investigação” que representa a alma de Encanto. A cada música, os personagens abrem seus corações para a empática Mirabel, que vai entendendo seus problemas e percebendo que todos carregam ressentimentos e precisam lidar com a responsabilidade de pertencer a uma família tão especial quanto essa. Assim, quando ela se aproxima de uma solução, a própria busca já mudou.
No final das contas, o filme segue uma estrutura clássica, mas que funciona particularmente bem e se difere das fórmulas normalmente adotadas nas animações da Disney e da Pixar. Para completar, o tema também combina com o “cenário” colombiano da produção, já que acaba aludindo a aspectos do realismo mágico visto na literatura do país (e de outras nações latino-americanas).
A trama simples – que, sim, pode desapontar um pouco – permite que o filme se dedique a explorar cada personagem por vez, destacando as características dos poderes e a interpretação visual das canções, com direito a muitas referências, uma explosão de texturas e uma animação absolutamente linda. Inclusive, sob certos aspectos, a produção é tão caprichada visualmente que isso chega a ser mais interessante que as letras de Lin-Manuel Miranda – que, ainda bem, são mais “frescas” que as vistas em Vivo, por exemplo.
Assim, talvez falte um pouco de magia a Encanto, mas ele me conquistou justamente por manter os pés no chão.
Outras divagações:
Tangled
Zootopia
Aliás, embora eu soubesse que a trama envolvia uma casa mágica, pessoas com poderes inexplicáveis e uma família de tamanho considerável (com pelo menos três gerações vivendo sob o mesmo teto), sinto que eu não estava exatamente ciente do tom mais realista que a produção poderia assumir. Pois é, você não leu errado: por trás de tantos elementos fantásticos, o drama é simples e de fácil identificação.
Encanto nos leva para dentro da família Madrigal a partir do olhar de Mirabel (Stephanie Beatriz), uma jovem que se destaca do restante justamente por ser absolutamente normal. Sua avó Alma (María Cecilia Botero) é a matriarca, uma mulher que sofreu na vida e recebeu um “milagre”, representado por uma vela que não se apaga, uma casa bastante interativa (na falta de um termo melhor) e um “dom” para cada membro da família – com a óbvia exceção de Mirabel.
Em resumo, a mãe de Mirabel se chama Julieta (Angie Cepeda) e pode curar qualquer coisa com sua comida, sua irmã Luisa (Jessica Darrow) tem uma força descomunal e sua irmã Isabela (Diane Guerrero) produz flores. Já a tia Pepa (Carolina Gaitan) controla o tempo, a prima Dolores (Adassa) tem uma super audição e o primo Camilo (Rhenzy Feliz) pode assumir a aparência de qualquer pessoa. Por fim, o primo Antonio (Ravi Cabot-Conyers) está prestes a receber seu dom em uma cerimônia que atrai toda a cidade. Ah... Há também o tio Bruno (John Leguizamo), que pode ver o futuro, mas ele foi embora e ninguém fala mais dele.
O problema acontece quando a casa começa a apresentar rachaduras que, a princípio, só Mirabel parece enxergar; além disso, a avó está particularmente preocupada em provar para a comunidade que a magia da família segue firme e forte. A jovem, então, decide investigar o que pode estar acontecendo e, no processo, percebe que nem todos os membros do clã estão tão felizes e realizados quanto parecem.
É este processo de “investigação” que representa a alma de Encanto. A cada música, os personagens abrem seus corações para a empática Mirabel, que vai entendendo seus problemas e percebendo que todos carregam ressentimentos e precisam lidar com a responsabilidade de pertencer a uma família tão especial quanto essa. Assim, quando ela se aproxima de uma solução, a própria busca já mudou.
No final das contas, o filme segue uma estrutura clássica, mas que funciona particularmente bem e se difere das fórmulas normalmente adotadas nas animações da Disney e da Pixar. Para completar, o tema também combina com o “cenário” colombiano da produção, já que acaba aludindo a aspectos do realismo mágico visto na literatura do país (e de outras nações latino-americanas).
A trama simples – que, sim, pode desapontar um pouco – permite que o filme se dedique a explorar cada personagem por vez, destacando as características dos poderes e a interpretação visual das canções, com direito a muitas referências, uma explosão de texturas e uma animação absolutamente linda. Inclusive, sob certos aspectos, a produção é tão caprichada visualmente que isso chega a ser mais interessante que as letras de Lin-Manuel Miranda – que, ainda bem, são mais “frescas” que as vistas em Vivo, por exemplo.
Assim, talvez falte um pouco de magia a Encanto, mas ele me conquistou justamente por manter os pés no chão.
Outras divagações:
Tangled
Zootopia
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