Divagações: Kingsman: The Golden Circle
26.9.17
Kingsman: The Secret Service foi uma daquelas gratas surpresas que chegou sem prometer muito e entregou muito mais do que qualquer um esperava. O que parecia ser apenas mais uma aventura de espionagem se mostrou um filme engraçado, com uma ação extremamente competente, uma direção interessante e um visual que traduziu bem o espírito dos quadrinhos no qual se baseava. Com o sucesso inesperado do filme, uma continuação era mais do que previsível – e, com Matthew Vaughn novamente no comando, a promessa era de que o nível se manteria.
Divergindo um pouco dos rumos tomados pelos quadrinhos de Mark Millar e Dave Gibbons, Kingsman: The Golden Circle se passa alguns anos após a derrota de Valentine e a ascensão de Eggsy (Taron Egerton) a um agente qualificado e experiente da agência. Entre seu relacionamento relativamente bem-sucedido com a princesa da Suécia, Tilde (Hanna Alström), e seu trabalho como agente secreto, Eggsy vai levando a vida.
Tudo vai bem até que Charlie (Edward Holcroft), um candidato reprovado no exame da Kingsman, retorna com planos de vingança, ajudando Poppy (Julianne Moore), a líder do círculo dourado – um cartel de drogas internacional –, a dar cabo da agência. Com a Kingsman em frangalhos, Eggsy se junta ao que restou do grupo, incluindo Merlin (Mark Strong), e vai até os Estados Unidos para se reunir com uma organização ‘irmã’, a Statesman, com o objetivo de impedir que os planos de Poppy se concretizem.
Essa mudança repentina de cenário serve muito mais para apresentar um novo elenco de famosos (que funcionam como figurantes de luxo) do que para aprofundar a narrativa de modo significativo. Por mais que tenha gostado dos Statesman, dói um pouco ver que boa parte das coisas que haviam me interessado no filme anterior foram descartadas sem que elas pudessem ser verdadeiramente exploradas. E, pelos rumos que a história anda tomando, provavelmente elas nunca vão ser retomadas.
Talvez a exceção a esse caso seja o arco do relacionamento de Eggsy com Tilde. No final do filme anterior, isso era apenas uma piada, mas ele se desenvolveu de modo surpreendentemente aprofundado para um filme assim – o que é uma grata surpresa. A volta de Harry Hart (Colin Firth), por sua vez, é um pouco diferente do que os materiais promocionais mostravam e não foi lá tão bem executada, mas existem boas situações envolvendo o personagem que justificam a sua presença no filme, então, não acho que alguém vai reclamar.
Abraçando o absurdo, Kingsman: The Golden Circle é ainda mais exagerado e estilizado do que seu antecessor, sendo consideravelmente menos ‘realista’. No processo, contudo, o filme perde um pouco daquele charme de filmes britânicos de espionagem que seu antecessor tinha, abrindo um pouco a mão do balanço que o tornou tão bem-sucedido. Mas, pelo menos, a produção traz boas cenas de ação, com uma direção cinética e limpa, apesar de não ter nenhuma sequência tão memorável quanto a cena da igreja e o final do filme anterior.
O humor, que se baseava no contraste entre a fleuma britânica e a violência extrema, continua bom, mas não tão afinado. Como o filme não perde muito tempo com o pessoal da Kingsman, essa característica se perde um pouco – jogando o papel mais cômico para Merlin, que até se sai bem e acrescenta algumas camadas ao personagem. Falando em humor, a participação de Elton John, apesar de pontual, rende boas cenas e deve ser especialmente interessantes para os fãs do cantor.
Para completar, Julianne Moore é uma boa vilã – ainda que não tão boa quanto Samuel L. Jackson –, com toda espécie de maneirismos esperados desse tipo do filme. Seu plano envolve uma questão moral que o filme, infelizmente, não apresenta com muita profundidade. Mas, maniqueísmos à parte, é interessante ver que essa questão está presente, o que torna toda a situação mais tridimensional e complexa do que um simples plano para dominar o mundo. Porém, como se trata de um tema sobre o qual as pessoas têm opiniões muito fortes a respeito, não duvido que algumas pessoas torçam o nariz para a situação.
Com um elenco de peso, mas sem pretensões de fazer algo revolucionário, Kingsman: The Golden Circle apenas expande temas e, mantendo o estilo já visto, joga seguro. Então, quem não gostou do anterior não deve mudar de ideia. Além disso, algumas coisas que traziam interesse e frescor se perderam no caminho. Ainda assim, no geral, esse é um bom filme e tende a agradar quem só quer um filme de ação divertido. Matthew Vaughn já se mostrou interessado em fechar a trilogia e Kingsman 3 já foi anunciado. Sinceramente, nesse ponto, já fico satisfeito se o nível da produção se manter.
Outras divagações:
Stardust
Kick-Ass
X-Men: First Class
Kingsman: The Secret Service
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
Divergindo um pouco dos rumos tomados pelos quadrinhos de Mark Millar e Dave Gibbons, Kingsman: The Golden Circle se passa alguns anos após a derrota de Valentine e a ascensão de Eggsy (Taron Egerton) a um agente qualificado e experiente da agência. Entre seu relacionamento relativamente bem-sucedido com a princesa da Suécia, Tilde (Hanna Alström), e seu trabalho como agente secreto, Eggsy vai levando a vida.
Tudo vai bem até que Charlie (Edward Holcroft), um candidato reprovado no exame da Kingsman, retorna com planos de vingança, ajudando Poppy (Julianne Moore), a líder do círculo dourado – um cartel de drogas internacional –, a dar cabo da agência. Com a Kingsman em frangalhos, Eggsy se junta ao que restou do grupo, incluindo Merlin (Mark Strong), e vai até os Estados Unidos para se reunir com uma organização ‘irmã’, a Statesman, com o objetivo de impedir que os planos de Poppy se concretizem.
Essa mudança repentina de cenário serve muito mais para apresentar um novo elenco de famosos (que funcionam como figurantes de luxo) do que para aprofundar a narrativa de modo significativo. Por mais que tenha gostado dos Statesman, dói um pouco ver que boa parte das coisas que haviam me interessado no filme anterior foram descartadas sem que elas pudessem ser verdadeiramente exploradas. E, pelos rumos que a história anda tomando, provavelmente elas nunca vão ser retomadas.
Talvez a exceção a esse caso seja o arco do relacionamento de Eggsy com Tilde. No final do filme anterior, isso era apenas uma piada, mas ele se desenvolveu de modo surpreendentemente aprofundado para um filme assim – o que é uma grata surpresa. A volta de Harry Hart (Colin Firth), por sua vez, é um pouco diferente do que os materiais promocionais mostravam e não foi lá tão bem executada, mas existem boas situações envolvendo o personagem que justificam a sua presença no filme, então, não acho que alguém vai reclamar.
Abraçando o absurdo, Kingsman: The Golden Circle é ainda mais exagerado e estilizado do que seu antecessor, sendo consideravelmente menos ‘realista’. No processo, contudo, o filme perde um pouco daquele charme de filmes britânicos de espionagem que seu antecessor tinha, abrindo um pouco a mão do balanço que o tornou tão bem-sucedido. Mas, pelo menos, a produção traz boas cenas de ação, com uma direção cinética e limpa, apesar de não ter nenhuma sequência tão memorável quanto a cena da igreja e o final do filme anterior.
O humor, que se baseava no contraste entre a fleuma britânica e a violência extrema, continua bom, mas não tão afinado. Como o filme não perde muito tempo com o pessoal da Kingsman, essa característica se perde um pouco – jogando o papel mais cômico para Merlin, que até se sai bem e acrescenta algumas camadas ao personagem. Falando em humor, a participação de Elton John, apesar de pontual, rende boas cenas e deve ser especialmente interessantes para os fãs do cantor.
Para completar, Julianne Moore é uma boa vilã – ainda que não tão boa quanto Samuel L. Jackson –, com toda espécie de maneirismos esperados desse tipo do filme. Seu plano envolve uma questão moral que o filme, infelizmente, não apresenta com muita profundidade. Mas, maniqueísmos à parte, é interessante ver que essa questão está presente, o que torna toda a situação mais tridimensional e complexa do que um simples plano para dominar o mundo. Porém, como se trata de um tema sobre o qual as pessoas têm opiniões muito fortes a respeito, não duvido que algumas pessoas torçam o nariz para a situação.
Com um elenco de peso, mas sem pretensões de fazer algo revolucionário, Kingsman: The Golden Circle apenas expande temas e, mantendo o estilo já visto, joga seguro. Então, quem não gostou do anterior não deve mudar de ideia. Além disso, algumas coisas que traziam interesse e frescor se perderam no caminho. Ainda assim, no geral, esse é um bom filme e tende a agradar quem só quer um filme de ação divertido. Matthew Vaughn já se mostrou interessado em fechar a trilogia e Kingsman 3 já foi anunciado. Sinceramente, nesse ponto, já fico satisfeito se o nível da produção se manter.
Outras divagações:
Stardust
Kick-Ass
X-Men: First Class
Kingsman: The Secret Service
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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