Divagações: White Girl
19.9.17
White Girl é um filme independente, com um elenco pouco conhecido e uma diretora-roteirista que está fazendo sua estreia nos longas-metragens. A produção tentou sua sorte no circuito de festivais, onde foi bem recebida, ganhando um prêmio de direção revelação em Palm Springs e indicações em Sundance e Champs-Élysées. Seu trunfo é ser um daqueles filmes incômodos, com personagens absolutamente falhos e que, embora tenha uma moral, ela não é exatamente óbvia ou dentro das expectativas do senso comum.
A história se passa em Nova York. Duas universitárias a fim de curtir a vida sem restrições se mudam para um bairro meio barra-pesada, mas onde conseguem pagar o aluguel. A princípio, Katie (India Menuez) acredita que basta viver em seu mundinho e não dar muita bola para a vizinhança. Já Leah (Morgan Saylor) é automaticamente atraída pelos rapazes que ficam o dia todo na esquina fumando maconha. Curiosa, ela quer conversar com eles e se aproximar, não demorando a convidar Blue (Brian Marc) para conhecer o apartamento.
A união dos dois mundos, em um primeiro momento, é boa para ambos os lados. Leah consegue drogas e um namorado carinhoso. Blue descobre um caminho para fazer dinheiro, passa a entrar em festas de bacanas – promovidas pelo chefe de Leah, Kelly (Justin Bartha) – e se encanta perdidamente pela moça. Assim, quando Blue vai preso, é ela quem se mobiliza para tirá-lo da cadeia, mas seu estilo de vida e um suprimento grande de cocaína acabam criando novos problemas.
Menos violento do que poderia ser, mas com algumas cenas bem fortes, White Girl se apoia fortemente na naturalidade de seus atores. Morgan Saylor, especialmente, consegue equilibrar muito bem a inocência e a sexualidade de sua personagem. Afinal, por mais que more sozinha, tenha um emprego (sem salário), faça sexo e use drogas, Leah é praticamente uma criança que foi jogada na cidade grande, com pouco conhecimento de mundo e um olhar curioso a respeito de tudo.
Para explorar essas características da protagonista, o texto de Elizabeth Wood cria diversas situações em que as consequências podem ser vistas a quilômetros de distância. Por mais que algumas pareçam forçadas, elas funcionam pela caracterização da personagem, que é incapaz de enxergar além de seus vícios e de seu contexto privilegiado. Mas isso não muda o fato de que a produção cria um cenário interessante sem exatamente mergulhar nele, permanecendo em uma abordagem bastante rasa.
Sob certos aspectos, esse é um longa-metragem sobre amadurecimento. Contudo, não há a tradicional estrutura onde as lições são dadas aos poucos e as escolhas do personagem denotam sua trajetória. Tudo em White Girl é brusco e o aprendizado acontece na marra, após uma boa dose de erros. Para completar, também há todo um contexto cruel e errado, que se aproveita de quem não sabe muito bem como navegar nesse mundo.
Querendo ou não, White Girl é a história de uma garota branca sendo contada por outra garota branca. Com isso, o filme levanta muitos pontos interessantes, traz diversos dilemas que merecem discussão e possui uma perspectiva bastante própria. Mas Leah é a única personagem com alguma profundidade, apesar dela constantemente agir sem pensar e passar boa parte do tempo intoxicada. Dessa forma, quando o final do filme parece ser egoísta e sem esperança, essa acaba sendo uma definição válida também para a protagonista e para a própria produção como um todo.
A história se passa em Nova York. Duas universitárias a fim de curtir a vida sem restrições se mudam para um bairro meio barra-pesada, mas onde conseguem pagar o aluguel. A princípio, Katie (India Menuez) acredita que basta viver em seu mundinho e não dar muita bola para a vizinhança. Já Leah (Morgan Saylor) é automaticamente atraída pelos rapazes que ficam o dia todo na esquina fumando maconha. Curiosa, ela quer conversar com eles e se aproximar, não demorando a convidar Blue (Brian Marc) para conhecer o apartamento.
A união dos dois mundos, em um primeiro momento, é boa para ambos os lados. Leah consegue drogas e um namorado carinhoso. Blue descobre um caminho para fazer dinheiro, passa a entrar em festas de bacanas – promovidas pelo chefe de Leah, Kelly (Justin Bartha) – e se encanta perdidamente pela moça. Assim, quando Blue vai preso, é ela quem se mobiliza para tirá-lo da cadeia, mas seu estilo de vida e um suprimento grande de cocaína acabam criando novos problemas.
Menos violento do que poderia ser, mas com algumas cenas bem fortes, White Girl se apoia fortemente na naturalidade de seus atores. Morgan Saylor, especialmente, consegue equilibrar muito bem a inocência e a sexualidade de sua personagem. Afinal, por mais que more sozinha, tenha um emprego (sem salário), faça sexo e use drogas, Leah é praticamente uma criança que foi jogada na cidade grande, com pouco conhecimento de mundo e um olhar curioso a respeito de tudo.
Para explorar essas características da protagonista, o texto de Elizabeth Wood cria diversas situações em que as consequências podem ser vistas a quilômetros de distância. Por mais que algumas pareçam forçadas, elas funcionam pela caracterização da personagem, que é incapaz de enxergar além de seus vícios e de seu contexto privilegiado. Mas isso não muda o fato de que a produção cria um cenário interessante sem exatamente mergulhar nele, permanecendo em uma abordagem bastante rasa.
Sob certos aspectos, esse é um longa-metragem sobre amadurecimento. Contudo, não há a tradicional estrutura onde as lições são dadas aos poucos e as escolhas do personagem denotam sua trajetória. Tudo em White Girl é brusco e o aprendizado acontece na marra, após uma boa dose de erros. Para completar, também há todo um contexto cruel e errado, que se aproveita de quem não sabe muito bem como navegar nesse mundo.
Querendo ou não, White Girl é a história de uma garota branca sendo contada por outra garota branca. Com isso, o filme levanta muitos pontos interessantes, traz diversos dilemas que merecem discussão e possui uma perspectiva bastante própria. Mas Leah é a única personagem com alguma profundidade, apesar dela constantemente agir sem pensar e passar boa parte do tempo intoxicada. Dessa forma, quando o final do filme parece ser egoísta e sem esperança, essa acaba sendo uma definição válida também para a protagonista e para a própria produção como um todo.
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