Divagações: We Live in Time

We Live in Time
Por mais que adore romances, eu admito que costumo gostar mais dos finais felizes, das comédias e da leveza de um amor devidamente correspondido. E, bem... We Live in Time, definitivamente, é um dramalhão. Ainda assim, o marketing do filme definitivamente me pegou em cheio, com Andrew Garfield e Florence Pugh mostrando em todas as redes sociais que se dão muito bem e possuem uma química invejável. O resultado: ingresso comprado.

A história é algo que você já viu antes. Tobias (Garfield) está um pouco perdido na vida, com um divórcio em andamento, um emprego chato e morando na casa do pai. Devido a um acidente, ele conhece Almut (Pugh), que é cheia de energia, está prestes a abrir seu próprio restaurante e tem muito potencial. A princípio, os dois não tem nada a ver um com o outro – inclusive em objetivos de vida bem básicos –, mas eles continuam querendo se ver. Até aí, tudo bem.

O detalhe é que We Live in Time intercala essa história fofa (e outros momentos da vida dessas pessoas) com outra que acontece alguns anos mais tarde. Nela, Almut está novamente com câncer e, em vez de olhar para o futuro, ela passa a se concentrar em como aproveitar o hoje em meio a um amanhã incerto. Isso envolve planejar uma festa de casamento bonitona, participar de uma importante competição internacional ao lado de uma colega iniciante (Lee Braithwaite) e criar boas lembranças para sua filha pequena (Grace Delaney). Resta a Tobias, então, segurar as pontas.

Com esse vai e vem no tempo, a produção consegue fazer um romance improvável parecer convincente e, ao mesmo tempo, explicar que ele não foi fácil. Sob certos aspectos, é própria doença de Almut que harmoniza o casal, fazendo com que as prioridades se voltem para dentro e mudem. Além disso, uma vez que é ela quem está sofrendo, ele parece assumir com resignação (e adoração) seu papel de suporte.

Ou seja, embora nesse contexto Tobias seja um cara muito legal, é preciso considerar que ele é um banana na maior parte do tempo. Afinal, em nome da fascinação que sente por Almut, ele parece disposto a abandonar os próprios sonhos – spoiler: eventualmente, os interesses se alinham e eles se tornam ótimos companheiros. Mas o fato é que as decisões sempre são dela, mesmo quando se trata de algo relacionado ao casal (e ela está certa em pensar por conta própria, só faltou ele fazer o mesmo).

De qualquer modo, We Live in Time faz um ótimo trabalho em ser um romance e um drama, ainda que seja todo construído ao redor de clichês. Em resumo, como nenhuma das duas tramas é particularmente inovadora ou surpreendente, a opção do diretor John Crowley foi por contar bem a história dessas pessoas. Para isso, a montagem ajuda muito e a dinâmica entre os dois atores realmente funciona na tela – não era propaganda enganosa.

Assim, por mais que We Live in Time seja um daqueles filmes cuidadosamente feitos para levar o público às lágrimas, ele também me deixou maravilhada pela arte envolvida em fazer isso de uma forma convincente. As diferentes fases do relacionamento são expressas com poucos ganchos visuais (diferentes cortes de cabelo e a casa onde eles moram, por exemplo), mas elas acabam sendo muito claras puramente porque Andrew Garfield e Florence Pugh são muito bons no que fazem. É o simples sendo feito bem.

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