Começar a assistir Wallace & Gromit: Vengeance Most Fowl é como visitar a casa de um velho amigo. É um ambiente confortável e já conhecido onde, embora as conversas tragam novos assuntos, você sabe que tudo irá fluir da melhor forma. Isso também implica que não haverá grandes surpresas ou novidades, mas não é como se você estivesse buscando por isso.
Com direção de Merlin Crossingham e Nick Park (que assina o roteiro ao lado de Mark Burton), Wallace & Gromit: Vengeance Most Fowl acompanha mais uma tentativa de Wallace (Ben Whitehead, assumindo o papel após o falecimento de Peter Sallis) de ganhar dinheiro por meio de suas invenções – para total desespero de seu cachorro, Gromit. Dessa vez, a ideia envolve o anão de jardim com inteligência artificial Norbot (Reece Shearsmith), capaz de ajudar a vizinhança em todo o tipo de tarefas, deixando os quintais mais arrumados e limpos (e um tanto quanto padronizados).
O detalhe é que, quando a nova invenção ganha notoriedade, ela também chama a atenção do perigoso criminoso Feathers McGraw, que busca vingança contra Wallace (para mais informações, ver The Wrong Trousers). Assim, quando as coisas começam a dar errado, todas as pistas levam o chefe de polícia Mackintosh (Peter Kay) e a policial Mukherjee (Lauren Patel) até o inventor.
Com isso, Wallace & Gromit: Vengeance Most Fowl consegue se conectar a um tema atual sem se comprometer muito com a discussão (mas dando uma opinião). Norbot é um personagem que, mesmo antes de ser interceptado pelo vilão, era bastante irritante e já fazia Gromit (e o espectador) levantar sobrancelhas. Considerando que estamos falando de uma produção em stop-motion – dessas em que você consegue literalmente ver a impressão digital dos animadores nos bonecos –, não é exatamente uma surpresa.
Além disso, o humor já esperado da produção está presente, com os personagens entregando muita expressividade (especialmente os mudos), uma série de trocadilhos e o tradicional comentário sobre a cultura inglesa, tão apegada a seus jardins. Para completar, isso é associado a cenas de ação divertidas e competentes, que ganham em comicidade e significado justamente pela magia da animação.
Tudo isso é acompanhado por uma grande atenção aos detalhes, seja nos cenários, nas invenções ou mesmo na construção das relações entre os personagens. Eu, particularmente, me diverti muito com as leituras de Gromit, mas também há referências a filmes de James Bond e outras surpresas que devem manter a atenção dos adultos – acredito que as crianças já se divertem o suficiente com a história e as piadas visuais.
Wallace & Gromit: Vengeance Most Fowl tem um sabor doce e entrega aquilo que promete. Com sua qualidade, a produção não fez feio na temporada de premiações, ainda que a constante presença dos personagens no imaginário popular (veja bem: eles estão por aí desde os anos 1990) faça com que eles corram por fora na busca por estatuetas.
Outras divagações:
Wallace & Gromit: The Curse of the Were-Rabbit
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