Divagações: Deadfall

Entendo que não dá para fazer um filme excelente atrás do outro, mas Eric Bana tem ficado sempre no quase, nunca alcançando um resultado...

Entendo que não dá para fazer um filme excelente atrás do outro, mas Eric Bana tem ficado sempre no quase, nunca alcançando um resultado realmente significativo. Hanna era legal, mas ele tinha pouco destaque como ator; The Time Traveler's Wife possuía potencial, mas acabou decepcionando no produto final; Funny People passou apagado; e qualquer coisa antes disso aconteceu há mais de cinco anos. Convenhamos que é bastante tempo.

Em Deadfall, o destaque está efetivamente nele e Bana tenta caprichar na atuação (a eficácia é questionável, uma vez que se trata de uma pessoa bastante confusa). Repleto de bons nomes no elenco, o filme tem uma estrutura interessante, mas peca com uma premissa fraca, seguida por um cruzamento de histórias pouco desenvolvidas. A propósito, essa conjunção acaba deixando o próprio título nacional – A Fuga – com menor impacto.

Uma das trajetórias acompanha Addison (Eric Bana). Após realizar um grande roubo, ele sofre um acidente de carro e precisa fugir com o dinheiro por uma região de florestas próxima a fronteira com o Canadá e durante um nevoeiro muito forte. Para despistar a polícia – sempre em seu encalço – ele se separa de sua parceira de crime e irmã, Liza (Olivia Wilde). Provavelmente a personagem mais interessante do filme, ela é quem faz a ponte com a segunda história ao conseguir uma carona com Jay (Charlie Hunnam).

Jay é um ex-boxeador que acabou de sair da prisão e foi acertar contas encontro de seu antigo treinador. Inevitavelmente, os dois acabam brigando e Jay, sem querer, o mata. A partir desse momento, o jovem parte para a casa dos pais (Kris Kristofferson e Sissy Spacek), mas sempre com medo da polícia. A lei, a propósito, é representada pela amiga de infância de Jay, Hanna (Kate Mara), uma profissional competente, mas limitada pelo machismo do próprio superior – que também é seu pai.

A ideia de que todos esses personagens vão efetivamente se cruzar é capaz de gerar tensão por si só, embora isso não seja muito bem explorado pelo roteiro do estreante Zach Dean. O filme acaba perdendo seu foco em meio a pequenos romances, dramas familiares e tentativas de aprofundamento dos personagens. Nada disso funciona como deveria e chega um momento em que os 95 minutos começam a demorar a passar.

Embora seja positivo o fato do filme não ser mais longo – nem sempre estamos a fim de passar quase três horas em uma poltrona de cinema –, há também uma sensação de preguiça rondando o último terço de Deadfall. A situação principal se resolve sem maiores problemas, mas muito fica no ar, inclusive o destino de alguns dos personagens mais relevantes. Além disso, o personagem de Eric Bana se transforma em um lunático malvado genérico, o que é bastante decepcionante.

Ops! Talvez eu tenha contado demais, mas não acho que o final do filme chegue a surpreender alguém. O filme não traz absolutamente nada de novo e está longe de ser um entretenimento de qualidade. É triste como tanta gente talentosa pode ter acabado em uma produção tão sem brilho. Confesso que não conheço o trabalho do diretor Stefan Ruzowitzky, mas suponho que ele tenha feito coisas interessantes na Áustria antes dessa estranha estreia na indústria estadunidense. Sinceramente, só posso desejar boa sorte para a próxima tentativa.

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