Divagações: Man on Wire
24.7.14
Um ato entre loucura, arte e crime. Esse é o acontecimento retratado pelo documentário Man on Wire, baseado no livro do próprio ‘artista’, Philippe Petit. Em 1974, ele e um grupo de amigos invadiram o World Trade Center, ainda parcialmente em construção, e instalaram um cabo, onde Petit realizou uma performance como equilibrista durante 45 minutos. Ele não apenas andou na corda bamba, mas se sentou, ajoelhou, agradeceu, deitou e foi de um lado para o outro diversas vezes.
Dirigido por James Marsh, o filme foi vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2009, sendo praticamente uma unanimidade em sua categoria naquele ano. É realmente fácil de para o espectador se encantar com a narrativa apaixonada dos entrevistados, que entendem aquela loucura da juventude como uma das melhores coisas que já fizeram na vida. Bom, eu também me sentiria assim!
Philippe Petit era, na época, um jovem equilibrista que estava fazendo loucuras pelo mundo. Ele já havia andando em uma corda bamba pendurada entre as torres da Catedral de Notre-Dame e também pela Ponte da Baía de Sydney, que estava em construção. Sempre desafiando grandes alturas, ele assumia um ar de artista ilegal. Como, no fundo, estava arriscando apenas a própria vida, seus amigos eram os que tinham mais risco de se dar mal, pois poderiam ser indiciados criminalmente caso algo acontecesse. Felizmente, eles tinham mais sorte que juízo!
Realizado antes da queda do World Trade Center, Man on Wire conta uma história de amor às torres. Ele começa com imagens da construção e nos leva a embarcar em todo o projeto. As dificuldades técnicas e legais, as parcerias, as brigas, os contratempos... A personalidade cativante de Petit domina o filme e aqueles que o cercam, mas sempre é possível questionar até que ponto ele está sendo razoável. Ele é obcecado com um projeto repleto de falhas, perigoso e que pode matá-lo.
De qualquer modo, quando as coisas finalmente dão certo, é lindo assistir aquele homem de preto lá no alto daqueles prédios. Com a distância, o cabo praticamente desaparece e o equilibrista parece flutuar. É tão bonito quanto perigoso. Faz tudo valer a pena.
A narrativa funciona bem para dar esse efeito. Além da adoração às torres, as entrevista são intercaladas com reconstruções da juventude de Petit (Paul McGill) e seus companheiros. Em destaque estão sua namorada Annie Allix (Ardis Campbell) e seus amigos Jean-Louis Blondeau (David Demato) e Jean François Heckel (Aaron Haskell). Tudo é misturado com algumas imagens reais e fica difícil, em muitos momentos, diferenciar vídeos de arquivo e reconstruções – o que é bem positivo para o resultado geral.
Assim, à medida que o grande momento se aproxima, as histórias também ficam mais emocionadas e é difícil não se envolver. Sim, foi uma loucura da juventude, mas também foi um ato de amor às possibilidades do homem, tanto com relação à arquitetura quanto ao equilíbrio e à determinação. Pensar que ninguém repetiu o feito e que isso nem será possível torna Man on Wire ainda mais marcante e necessário. Não podemos esquecer.
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