Divagações: Bright Young Things

Stephen Fry é um ator reconhecido por seu trabalho no cinema, na televisão e nos palcos britânicos. Ele já emprestou sua voz para divers...

Stephen Fry é um ator reconhecido por seu trabalho no cinema, na televisão e nos palcos britânicos. Ele já emprestou sua voz para diversos projetos e é um nome respeitado na indústria. Ele também atuou como produtor em algumas ocasiões, além de ter escrito um bom número de roteiros. Sua única tentativa na direção, contudo, aconteceu em Bright Young Things, mais de dez anos atrás.

Baseado no livro de Evelyn Waugh, o filme se passa nos anos 1930 e acompanha um grupo de jovens adepto a festas e badalações. Adam Fenwick-Symes (Stephen Campbell Moore) é um jovem escritor que precisa desesperadamente de dinheiro para se casar com sua amada, Nina Blount (Emily Mortimer). Assim, ele aceita um emprego oferecido pelo poderoso Lord Monomark (Dan Aykroyd), faz apostas com o riquíssimo Ginger Littlejohn (David Tennant) e cai na tentação de riqueza oferecida por um bêbado (Jim Broadbent).

No percurso, o jovem acaba também se envolvendo mais e mais com um grupo que não representa necessariamente boas companhias. Simon Balcairn (James McAvoy) é um conde empobrecido que se transforma em jornalista de fofocas, Miles (Michael Sheen) é um jovem rico envolvido com drogas e Agatha (Fenella Woolgar) é uma moça vivaz que está a beira da loucura.

Acho que já deu para perceber que todo esse elenco é maravilhoso. Um pouco numeroso demais, talvez, mas absolutamente incrível de ver em uma única produção. Bright Young Things dá a todos eles – e a mais alguns – a oportunidade de mostrar a que vieram. A jornada do protagonista proporciona diálogos enriquecedores com cada um dos que cruzam o seu caminho, mostrando um desenvolvimento de personagens ágil e eficiente. Nem todos são boas pessoas, mas o espectador continua se importando com seus destinos.

Como tudo acontece em meados dos anos 1930, há uma loucura no ar que remete a década anterior, embora falte o esbanjamento visto em The Great Gatsby, por exemplo (há dinheiro rolando, mas não se sabe de onde exatamente ele vem). Assim, a década ganha força principalmente nas músicas, já que o diretor fez questão de ser fiel ao período, e nas caracterizações dos personagens. A vibração é constante!

No meio de um verdadeiro redemoinho de acontecimentos, coube à sensibilidade do diretor e roteirista saber dosar um pouco de sanidade e apontar onde está a tristeza. Os jovens sabem se divertir, mas não medem as consequências e Bright Young Things se perderia sem uma mão mais firme. Ao mesmo tempo, Fry não se preocupa em controlar a liberdade de seus atores, que possuem ritmos próprios e nem sempre consonantes.

Por não se tratar de uma história fechada com começo, meio e fim bem estabelecidos (o protagonista tem um pouco disso, mas quem se importa com ele?), o filme assume o papel de retratar uma geração perdida, que busca por um objetivo distante – até a inevitável chegada da II Guerra Mundial. É difícil dizer o que de fato aconteceria com aquelas pessoas, mas o espectador se questiona mesmo assim. Afinal, eu tenho a impressão que já conheci pessoas como essas. Suponho que não seja a única.

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