Divagações: The Hunger Games - Mockingjay Part 1
25.11.14
Esse não é um bom momento para ser uma franquia de sucesso. Os blockbusters tiveram respostas fracas no último ano e o cinema está tendo dificuldades para encontrar seu público. Claro que ainda há grandes sucessos, mas poucos conseguem quebrar recordes e muitos são os que ficam aquém do esperado. Nesse contexto, The Hunger Games: Mockingjay - Part 1 parece vindo de outro tempo, atraindo uma imensa variedade de pessoas e chamando a atenção da mídia para a excessiva ocupação de salas.
Obviamente, a série não teria se tornado uma quadrilogia se não apresentasse aspectos únicos. A sociedade criada pela escritora Suzanne Collins para seus personagens é um mundo movido à propaganda e alimentado pela violência. Sua protagonista é ignorante de muito do que a cerca, é imperfeita e moralmente questionável. Nada disso é completamente novo, mas é muito bem aplicado.
Depois de se sacrificar pela irmã no primeiro filme, Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) descobriu o amor de Peeta Mellark (Josh Hutcherson) durante uma terrível competição onde só poderia existir um sobrevivente. Ela manipula as regras a sua própria maneira para salvar a si mesma e a Peeta, mas atrai a ira do presidente Snow (Donald Sutherland) e acende uma fagulha de rebelião em seu país, altamente controlado por forças opressoras. Na sequência, as autoridades tentam diminuir seu carisma ao colocá-la novamente em uma situação de risco, mas os rebeldes a querem como o rosto da revolução.
Em The Hunger Games: Mockingjay - Part 1 ela começa a se acostumar com esse papel, mas mostra que ainda é uma menina imatura e impulsiva, especialmente em comparação com a controlada Alma Coin (Julianne Moore), líder das forças rebeldes. Com Peeta cativo na Capitol, o amigo Gale Hawthorne (Liam Hemsworth) está presente ao seu lado e oferece uma motivação diferente, menos nobre e mais passional, o que vai de encontro à imagem que Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman) quer passar.
Enquanto o mérito dos filmes anteriores foi ir além dos livros para mostrar a capacidade manipulativa da Capitol, agora a história pede que a atenção esteja voltada nas percepções de Katniss e em suas decisões conscientes. É ótimo não ter mais uma edição dos jogos, mas é ruim perder o senso de absurdo dado pelo contraste entre os distritos e os governantes. Tudo se tornou cinza, abafado e destruído. O fim está próximo e, por mais que não exista efetivamente uma mensagem de desesperança, as coisas não parecem boas.
O elenco ajuda – e muito – a manter a credibilidade. Julianne Moore assume o contraponto correto ao temperamento da protagonista; Philip Seymour Hoffman aposta em sutilezas que ajudam a passar a mensagem correta; Liam Hemsworth e Willow Shields ganham espaço e mostram a que vieram; Woody Harrelson e Elizabeth Banks têm pouco a fazer, mas mantêm rostos conhecidos por perto; Josh Hutcherson conta com o apoio de um figurino estrangulador e uma maquiagem pesada; Natalie Dormer e Mahershala Ali são os rostos novos que dão frescor. Ao final, nem parece que o elenco está tão inchado assim.
Consideravelmente redundante, The Hunger Games: Mockingjay - Part 1 se beneficiaria de um pouco mais de ação, mas não renderia dois filmes se apressasse as coisas. O novo foco político ainda precisa mostrar a que veio e a quase ausência de Peeta prejudica bastante Katniss (já que ele parece funcionar como a consciência da moça). Ou seja, se não fossem os bons efeitos especiais e o carinho já conquistado, a produção teria dificuldades para se manter.
Agora, só nos resta esperar por The Hunger Games: Mockingjay - Part 2, torcendo para que a metade final consiga superar esse caminho tortuoso.
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