Comédias românticas passadas nos anos 1980 e estreladas por um jovem atrapalhado têm um apelo nostálgico comigo. Com um roteiro de David Nicholls para completar, Starter for 10 não demorou em chamar a minha atenção.

A história é bem simples e clichê. Vindo de uma família humilde, Brian Jackson (James McAvoy) se esforçou muito para conseguir entrar na Universidade de Bristol. No entanto, uma vez lá dentro, ele começa a dividir suas atenções entre um time de quiz e uma bela colega de equipe, Alice Harbinson (Alice Eve), deixando de lado as aulas e uma nova amiga, a 'politizada' Rebecca Epstein (Rebecca Hall).

Com uma trama óbvia como essa, dá para prestar atenção em outros elementos do filme. Um deles é o elenco que poucos anos depois se tornaria famoso. Além de McAvoy, há também a presença de Catherine Tate como a mãe de Brian, enquanto Dominic Cooper é seu melhor amigo de infância e Benedict Cumberbatch é o neurótico capitão do time. Além disso, o filme explora alguns elementos que o diferenciam do gênero, como a relação familiar dos jovens com seus pais e o ambiente universitário.

Vale também observar que Starter for 10 evita mostrar a década de 1980 de uma maneira caricata, de modo que há pouco o que estranhar nos cabelos e no vocabulário, embora as músicas e as roupas sejam relativamente fiéis. O período só fica realmente claro nos cenários do programa de televisão em que o grupo de quiz participa, o University Challenge (que, a propósito, é real, sendo exibido no Reino Unido desde 1962 até hoje).

Com relação aos personagens, todos estão a um passo de se tornarem caricatos, mas ainda conseguem se salvar. Alice Eve é quem tem mais dificuldades, mas ela faz um bom trabalho ao tentar equilibrar a imaturidade de sua personagem com a potencial inteligência que ela tem. Por sua vez, Rebecca Hall faz o possível em seu tempo reduzido de tela, enquanto James McAvoy se beneficia das trapalhadas de seu personagem e do texto bem concatenado.

É preciso admitir, contudo, que Starter for 10 não inspira grandes paixões. O filme navega sem dificuldades em uma zona onde tudo é mediano sem chegar a se sobressair em nenhum ponto. Não há uma crítica social forte (obviamente, esse nunca foi o objetivo), personagens que emocionem e nem um romance que realmente encante o público.

Isso é um elemento negativo especialmente quando nomes como Tom Hanks e Sam Mendes estão envolvidos como produtores. A questão é: onde estaria o potencial para melhorar? O elenco é ótimo, o roteiro foi adaptado pelo próprio David Nicholls e Tom Vaughan é um diretor competente. Talvez seja melhor simplesmente confessar que se trata de um filme pequeno, sem grandes pretensões, e deixar as coisas como estão.

Starter for 10 é britânico até os ossos, mas parece homenagear o trabalho de John Hughes. Apesar de ter muitas cenas com bebidas, alguns vislumbres de roupas íntimas e implicações de nudez, não há palavrões e a produção seria perfeitamente aceitável para um programa como a Sessão da Tarde. Ou seja, é leve, bonitinho e tem uma moral válida.

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