Divagações: I Nuovi Barbari

O público dos filmes B é grande e cativo – e é inegável que existem muitas ideias e produções interessantes nesse mercado. Contudo, I Nuo...

O público dos filmes B é grande e cativo – e é inegável que existem muitas ideias e produções interessantes nesse mercado. Contudo, I Nuovi Barbari faz parte daquela categoria de filmes que só são vistos por serem simplesmente ruins demais. A propósito, vale acrescentar que se trata de uma produção com atores italianos, mas dublada em inglês.

Após um holocausto nuclear (!), os humanos que restaram na Terra se dividiram em pequenas caravanas nômades, que andam por ai em ônibus, furgões, motocicletas e carros bem lentos (não faça questionamentos sobre combustíveis). Por alguma razão, contudo, alguns grupos insistem em continuar matando pessoas. Nesse contexto, Scorpion (Giancarlo Prete) age como um justiceiro desmotivado (?), que não se prende em lugar nenhum até encontrar Alma (Anna Kanakis). Contudo, eventualmente, ele acaba sendo capturado pelo grupo de One (George Eastman) e a raiva o motiva a juntar-se a Nadir (Fred Williamson, o único estadunidense do elenco) em uma luta por justiça.

É basicamente isso – se é que eu entendi certo. A verdade é que I Nuovi Barbari é uma produção muito barata, com basicamente uma única locação e que se sustenta por um fiapo de roteiro. A diversão, no entanto, fica por conta dos efeitos sonoros completamente absurdos e da edição empenhada em levar emoção para cenas que, de outra forma, seriam bem monótonas.

Aliás, a edição de uma cena específica merece destaque – trata-se daquela sequência que motivará a raiva do protagonista da maneira mais absurda que você possa imaginar. Auxiliada por uma iluminação criativa, ela dá uma aula básica sobre a criação de significados no cinema. Obviamente, isso não muda o fato do resultado final ser cômico.

Outro aspecto do filme que merece atenção são os figurinos. Valorizando ombreiras, a combinação de preto e branco (com predominância do branco), o prateado e transparências, as roupas mostram um futuro onde tudo acabou, menos o mau gosto. Alguns dos cenários – os poucos que envolvem algo além da paisagem natural e carros – seguem essa tendência, abusando também do plástico.

Ou seja, já deu para perceber que se trata de uma obra trash visual e narrativamente falando. Com relação a esse último ponto, I Nuovi Barbari não deixa de ter boas intenções, uma vez que fica clara a ideia de fazer uma nova versão do western spaghetti – filmes de faroeste filmados no país por Sergio Leone e que fizeram a fama de Clint Eastwood –, ainda que sem o caráter inovador do diretor e a personalidade marcante do ator. De qualquer modo, não sei se existe espaço no mercado cinematográfico atual (ou dos anos 1980, quando esse filme foi lançado) para um sci-fi spaghetti, por mais que o space western tenha seus adeptos.

Mais conhecido como um guilty pleasure (prazer culpado, em português), I Nuovi Barbari não é um filme para ser levado a sério. Ele poderia ser simplesmente uma produção simples e amadora, mas é ruim mesmo. Quem quiser assistir, tem que estar preparado para assimilar o que é mostrado com uma interpretação cômica, rindo com a galera ou simplesmente enfiando a cara no sofá para esconder a vergonha alheia.

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