Divagações: The Fifth Element
5.5.15
Quem assiste The Fifth Element nos dias de hoje não pode imaginar exatamente o quanto esse filme poderia simplesmente dar errado. Há 18 anos, essa era uma produção muito cara, extremamente dependente de efeitos visuais, com um futuro estranho, onde vilão e mocinho não se encontram e a mocinha tem cabelo laranja e fala um idioma alienígena (mesmo!).
The Fifth Element não é uma fantasia espacial como os filmes de George Lucas, mas algo saído da mente explosiva de Luc Besson, que escreveu e dirigiu o filme. Aliás, diz a lenda que ele teve a ideia quando ainda estava no Ensino Médio. Bom, não é difícil que essa história seja verdade...
Em um futuro caótico, sujo, colorido e cheio de carros voadores, um motorista de táxi chamado Korben Dallas (Bruce Willis) dá uma carona não intencional para a extraterrestre Leelo (Milla Jovovich). Não demora para que os dois comecem a ser perseguidos pelo maligno Jean-Baptiste Emanuel Zorg (Gary Oldman), um homem que pretende destruir o mundo. Nessa confusão, surgem outros personagens marcantes, como o padre Vito Cornelius (Ian Holm), um estudioso que é a única pessoa com alguma noção sobre o que está acontecendo no planeta Terra, e o apresentador de rádio Ruby Rhod (Chris Tucker), uma celebridade por si só.
O filme é confuso, mas não exatamente por causa de sua história. A trama é uma perseguição simples, mas é repleta de coadjuvantes que só servem para criar dificuldades. É tanta coisa acontecendo para que a resolução não ocorra antes do previsto que fica até difícil acreditar que não vai aparecer mais uma surpresa – mas em algum momento o filme precisa acabar.
Ágil, exagerado e absurdo, The Fifth Element não chega a exatamente fazer parte daquele grupo de ficções-científicas pós-apocalípticas e inteligentes. Ainda assim, foi uma boa ideia colocar Bruce Willis no papel do herói relutante, com Milla Jovovich sendo mais inalcançável e incompreensível que uma mulher normal. Completando com um Gary Oldman absolutamente louco, fica difícil pensar em um trio mais adequado para tornar esse filme inesquecível.
E é realmente o elenco que salva. Os efeitos especiais parecem amadores para o público atual e o cabelo laranja não impressiona mais tanto assim. O roteiro também não é exatamente inteligente, tanto que nem me dei ao trabalho de explicar toda a questão dos ‘cinco elementos’. Os nostálgicos, obviamente, não conseguem largar o filme, mas é preciso considerar que ele talvez se perca para as próximas gerações.
Para não ser injusta com o filme, preciso dizer que The Fifth Element traz uma visão fantástica de futuro, com aspectos positivos e negativos intrínsecos ao universo apresentado – o que não deixa de ser pouco usual. Ele aposta na religião e na política como instituições eternas, mas absolutamente mutáveis, ao mesmo tempo em que coloca todas as responsabilidades sobre o futuro da humanidade nas mãos de um homem comum. Não sei qual foi o nível de complexidade que Luc Besson imaginou inicialmente, porém, acredito que é possível aprender muito com essa obra. É um jeito caro, mas sincero, de fazer cinema.
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