Divagações: The Shawshank Redemption

Fazer uma lista de ‘melhores filmes’ é uma grande responsabilidade – e uma loucura. No Internet Movie DataBase (IMDb) existe até uma fórm...

Fazer uma lista de ‘melhores filmes’ é uma grande responsabilidade – e uma loucura. No Internet Movie DataBase (IMDb) existe até uma fórmula para isso. São levados em consideração o número de usuários que classificou o filme (o corte é em 25 mil e todos precisam ser votantes regulares), a nota média e uma nota mínima. Assim, eventualmente um grande sucesso consegue entrar na lista e até ficar em uma boa posição, mas o tempo faz com que as coisas voltem a um grau de estabilidade. Ou quase isso, já que The Dark Knight deu uma ajudinha para The Shawshank Redemption, que ocupa a primeira posição do ranking desde 2008.

Mas não é à toa que, em tantos anos, o filme não tenha perdido posições. Baseado em um conto de Stephen King – e há quem diga que nenhuma adaptação dos trabalhos do autor sejam boas –, a produção tem um elenco escolhido a dedo, além de roteiro e direção de Frank Darabont, que se tornaria um especialista no escritor.

A trama acompanha os anos de Andy Dufresne (Tim Robbins) na prisão. Um homem frio, ele foi considerado culpado pela morte da esposa e do amante dela, mas sempre manteve a versão de que era inocente. Nessa nova realidade, ele desenvolve uma forte amizade com Ellis Boyd 'Red' Redding (Morgan Freeman), um condenado que tem um esquema para trazer objetos para dentro da prisão – de cigarros a pôsteres de mulheres bonitas.

Para matar o tempo, Dufresne se dedica a hobbies como ler e esculpir pedras, isso quando não está apanhando dos ‘colegas’. Aos poucos, entretanto, ele começa a ganhar importância entre os presos e a instituição. Em 20 anos, ele se torna o responsável pela biblioteca interna e pela contabilidade da prisão – o que inclui as finanças do diretor da carceragem, Norton (Bob Gunton).

Sinceramente, a trama não é a coisa mais fantástica e inovadora que já existiu. Caso você nunca tenha assistido ao filme, provavelmente já foi bombardeado com inúmeras referências e vai descobrir o que acontece no final muito antes da revelação. Ainda lembro quando vi pela primeira vez, não muito tempo após o lançamento, e achei realmente surpreendente, mas é preciso considerar que eu também não tinha muitos referenciais.

De qualquer forma, o que quero dizer é que o poder desse filme está no fato de ser uma história sobre amizade e dedicação. Duvido muito do cotidiano da prisão que é apresentado, mas acredito que esse é um bom cenário para desenvolver narrativas – há convivências forçadas, estruturas de poder bem definidas e a possibilidade de criação de uma mini sociedade. The Shawshank Redemption sabe aproveitar muito bem cada um desses elementos e, o que é bem importante, sem forçar o drama.

Contado a partir do ponto de vista de um coadjuvante, o filme consegue aproximar o público do protagonista aos poucos. A dúvida a respeito da culpabilidade existe desde o começo, mas a crença na inocência aumenta levemente a cada cena. Sutilmente, a produção leva seu espectador para dentro das celas da prisão e ele se sente bem lá dentro, começa a se identificar com os dramas e os personagens, começa a se importar com cada uma daquelas pessoas.

Realmente, talvez The Shawshank Redemption não seja o melhor longa-metragem já feito – vale lembrar que ele perdeu todos os sete Oscars a que concorreu, em um ano dominado por Forrest Gump. Ainda assim, é um filme maravilhoso. Obrigatório.

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