Divagações: The Incredible Jessica James

Eu nunca tinha ouvido falar de Jessica Williams antes de conhecer The Incredible Jessica James – aparentemente, a moça já havia chamado ...

Eu nunca tinha ouvido falar de Jessica Williams antes de conhecer The Incredible Jessica James – aparentemente, a moça já havia chamado bastante atenção em um quadro do The Daily Show –, mas não demorei a ficar curiosa em relação a ela. Afinal, o filme surgiu no meu radar repentinamente, acompanhado de muitos elogios e de muita gente querendo ver a atriz mais e mais.

Com roteiro e direção de Jim Strouse, a produção acompanha o dia a dia de (adivinhem!) Jessica James (Williams), uma escritora de peças de teatro que está tentando a vida em Nova York. Ainda que ela adore trabalhar com crianças e leve a vida com muito bom humor e bastante energia, seu apartamento tem uma parede de cartas de rejeição de diversos teatros, enquanto sua vida amorosa ainda sofre por causa de um recente término. É evidente que Jessica ainda gosta de Damon (Lakeith Stanfield), mas também é divertido ver a amizade colorida que surge entre ela e Boone (Chris O'Dowd), um homem recém-divorciado que também está tendo dificuldades em lidar com o fim do relacionamento.

Embora tenha algo de romântico, The Incredible Jessica James é muito mais sobre a jornada emocional da protagonista que sobre a possibilidade do surgimento de um novo amor. A personagem é independente e parte de sua luta é justamente para não ser definida como “a namorada”, mas como ela mesma. E, em parte, isso provavelmente é o que a torna mais encantadora aos olhos de Boone. Claro que é meio estranho quando Jessica simplesmente desconta suas frustrações ou seus traumas em um cara que acabou de conhecer ou nas crianças de sua turma de teatro – especialmente a distante Shandra (Taliyah Whitaker) –, mas ninguém é perfeito...

Aliás, é nas cenas em que se relaciona com sua família que temos noções das falhas e das demais camadas que permeiam a personagem. Nessas sequências, podemos ver como Jessica se afastou emocionalmente das pessoas que a rodeavam e como o teatro, de certa forma, a ajudou com isso, inserindo-a em uma subcultura que a remodelou. The Incredible Jessica James, com isso, traz um amor pela arte que ultrapassa a dimensão do ‘gostar’, pois sua protagonista – que se recusa a ser definida por um relacionamento ou por outras pessoas – é o teatro, é sua profissão. Ela está entregue de corpo e alma.

Inclusive, é possível dizer que o filme acaba sendo definido já em sua sequência inicial. Nesses primeiros momentos, a protagonista dança animadamente pelo apartamento e continua pelas escadas, faz graça com o vizinho (que não curte muito) e leva seu show – levemente desajeitado, mas cheio de personalidade – até o topo do prédio. Não há ninguém para aplaudir, mas ela o faz mesmo assim. Eu, particularmente, gostei de ser uma mosquinha nesse momento: presente, mas invisível aos olhos da personagem.

Obviamente, não é a primeira vez que cruzo com uma história como essa. Pessoas em busca de sucesso pessoal e profissional são um tema recorrente no cinema e na literatura. Ainda assim, estou adorando o fato de que os cineastas estão acompanhando as mulheres de uma nova geração e as apresentando ao mundo.

A propósito, embora esse longa-metragem encontre paralelos com Frances Ha e Lola Versus, a personagem de Jessica Williams é completamente diferente daquelas encarnadas por Greta Gerwig. The Incredible Jessica James tem uma boa dose de insegurança e medo, mas não há aquele tom de melancolia e incerteza que permeia os outros filmes. Aqui, temos uma protagonista que está olhando para a frente e mantendo a esperança firme em seu lugar. Em essência, temos um filme otimista. E você achou que não se faziam mais desses!

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