Divagações: Love, Simon
20.11.19
Filmes sobre amadurecimento e até mesmo sobre “sair do armário” têm sido relativamente comuns no cinema independente, que procura criar obras com orçamentos limitados e com um significado mais profundo para as pessoas. Nos últimos anos, o impacto dessas produções na vida das pessoas e o sucesso que elas alcançaram acabaram chamando bastante atenção.
Um dos resultados disso é Love, Simon. Baseado em um livro best-seller de Becky Albertalli, o filme é considerado o primeiro longa-metragem financiado por um grande estúdio de Hollywood a ter um adolescente gay no papel de protagonista (se teve outro, por favor, me contem). Especificamente para a Fox, essa é a segunda vez que um personagem homossexual comanda uma produção de caráter positivo, sendo que a anterior foi em 1982, com Making Love (você já ouviu falar? Pois é).
O resultado disso é um lançamento acompanhado por uma boa dose de publicidade e uma empolgação um pouco maior do que a história merece – convenhamos que ela não é exatamente inovadora. Apesar dos clichês, no entanto, Love, Simon se enquadra bem dentro de seu gênero e entrega um resultado bonitinho, eficiente e, principalmente, capaz de abrir as portas para mais filmes como esse.
A história acompanha o dia a dia de Simon (Nick Robinson), um adolescente que leva uma vida normal na companhia de sua melhor amiga de infância, Leah (Katherine Langford), além de Nick (Jorge Lendeborg Jr) e Abby (Alexandra Shipp). Ele, contudo, tem um segredo: ninguém sabe que ele é gay. Isso é um bocado incômodo porque ele sabe que poderia contar para as pessoas – seus amigos são grandes parceiros e seus pais são carinhosos e compreensivos –, mas falta reunir coragem.
Um empurrão surge na figura anônima de Blue, um rapaz de seu colégio que tem o mesmo segredo. Simon começa a se corresponder com ele sem revelar sua identidade, mas um incômodo colega (Logan Miller) acaba descobrindo essa troca de e-mails e o chantageia. Assim, para não ser exposto, Simon acaba interferindo na vida amorosa de seus três amigos, o que pode ter um preço mais alto do que o que ele gostaria de pagar.
Como um típico drama adolescente onde o protagonista acaba se enrolando em suas próprias ações, eu diria que Love, Simon pega leve – ou que o protagonista “tem mais sorte que juízo” (nesse caso, eu assumo meu papel de tia). Esse tom quase inconsequente da produção faz com que o filme seja bem palatável e divertido, sem procurar levar ninguém às lágrimas nem nada assim (não julgo quem chorou, ok?). Ao mesmo tempo, é óbvio que poderíamos ter visto uma trama similar com personagens mais profundos e um drama mais real e elaborado, mas acredito que esse tipo de história segue restrita ao circuito independente (um passo de cada vez, galera!).
Além disso, a mensagem positiva que o filme passa é muito importante. A trajetória de Simon não é fácil para ele, embora seja muito mais suave do que a enfrentada por grande parte das pessoas gays. Ainda assim, é preciso respeitar as escolhas de cada um.
Aqui, aproveito para mencionar a personagem de Jennifer Garner, que foi reescrita a pedido da atriz. Como mãe do protagonista, ela enfrenta a dificuldade de ver o sofrimento do filho adolescente, sem saber o quanto exatamente deve interferir e/ou pressionar. Quando chega a hora deles efetivamente conversarem, as coisas talvez já tenham saído um pouco dos trilhos, mas isso não torna o momento menos significativo. É uma grande lição, que dá o tom correto para a mensagem a ser passada (e que ecoa de maneira mais leve, o que já vimos em Call Me By Your Name).
É claro que eu não me engano: Love, Simon é um produto feito para o estúdio ganhar dinheiro. Ele tem seus momentos bobos, mas também aqueles que aquecem o coração. É um filme para adolescentes como tantos outros que vieram antes dele – e fico muito feliz por tudo o que ele traz desse legado e pelo que acrescenta de novo. Que venham os próximos!
Outras divagações:
Moonlight
Call Me by Your Name
Handsome Devil
Alex Strangelove
Um dos resultados disso é Love, Simon. Baseado em um livro best-seller de Becky Albertalli, o filme é considerado o primeiro longa-metragem financiado por um grande estúdio de Hollywood a ter um adolescente gay no papel de protagonista (se teve outro, por favor, me contem). Especificamente para a Fox, essa é a segunda vez que um personagem homossexual comanda uma produção de caráter positivo, sendo que a anterior foi em 1982, com Making Love (você já ouviu falar? Pois é).
O resultado disso é um lançamento acompanhado por uma boa dose de publicidade e uma empolgação um pouco maior do que a história merece – convenhamos que ela não é exatamente inovadora. Apesar dos clichês, no entanto, Love, Simon se enquadra bem dentro de seu gênero e entrega um resultado bonitinho, eficiente e, principalmente, capaz de abrir as portas para mais filmes como esse.
A história acompanha o dia a dia de Simon (Nick Robinson), um adolescente que leva uma vida normal na companhia de sua melhor amiga de infância, Leah (Katherine Langford), além de Nick (Jorge Lendeborg Jr) e Abby (Alexandra Shipp). Ele, contudo, tem um segredo: ninguém sabe que ele é gay. Isso é um bocado incômodo porque ele sabe que poderia contar para as pessoas – seus amigos são grandes parceiros e seus pais são carinhosos e compreensivos –, mas falta reunir coragem.
Um empurrão surge na figura anônima de Blue, um rapaz de seu colégio que tem o mesmo segredo. Simon começa a se corresponder com ele sem revelar sua identidade, mas um incômodo colega (Logan Miller) acaba descobrindo essa troca de e-mails e o chantageia. Assim, para não ser exposto, Simon acaba interferindo na vida amorosa de seus três amigos, o que pode ter um preço mais alto do que o que ele gostaria de pagar.
Como um típico drama adolescente onde o protagonista acaba se enrolando em suas próprias ações, eu diria que Love, Simon pega leve – ou que o protagonista “tem mais sorte que juízo” (nesse caso, eu assumo meu papel de tia). Esse tom quase inconsequente da produção faz com que o filme seja bem palatável e divertido, sem procurar levar ninguém às lágrimas nem nada assim (não julgo quem chorou, ok?). Ao mesmo tempo, é óbvio que poderíamos ter visto uma trama similar com personagens mais profundos e um drama mais real e elaborado, mas acredito que esse tipo de história segue restrita ao circuito independente (um passo de cada vez, galera!).
Além disso, a mensagem positiva que o filme passa é muito importante. A trajetória de Simon não é fácil para ele, embora seja muito mais suave do que a enfrentada por grande parte das pessoas gays. Ainda assim, é preciso respeitar as escolhas de cada um.
Aqui, aproveito para mencionar a personagem de Jennifer Garner, que foi reescrita a pedido da atriz. Como mãe do protagonista, ela enfrenta a dificuldade de ver o sofrimento do filho adolescente, sem saber o quanto exatamente deve interferir e/ou pressionar. Quando chega a hora deles efetivamente conversarem, as coisas talvez já tenham saído um pouco dos trilhos, mas isso não torna o momento menos significativo. É uma grande lição, que dá o tom correto para a mensagem a ser passada (e que ecoa de maneira mais leve, o que já vimos em Call Me By Your Name).
É claro que eu não me engano: Love, Simon é um produto feito para o estúdio ganhar dinheiro. Ele tem seus momentos bobos, mas também aqueles que aquecem o coração. É um filme para adolescentes como tantos outros que vieram antes dele – e fico muito feliz por tudo o que ele traz desse legado e pelo que acrescenta de novo. Que venham os próximos!
Outras divagações:
Moonlight
Call Me by Your Name
Handsome Devil
Alex Strangelove
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