Mesmo que eu esteja acostumada a acompanhar as séries da Marvel, ver um filme do estúdio pela primeira vez diretamente da televisão de casa é um pouco frustrante. Para a minha experiência com Black Widow ser completa, sinto que falta o escurinho de uma sala de cinema, o cheiro de pipoca (mas não o gosto, já que custa o olho da cara), o burburinho de um ambiente cheio, o som acachapante e a empolgação do público. Ainda assim, não posso reclamar: a pandemia de covid-19 atrasou um bocado este lançamento, que chegou simultaneamente aos serviços de streaming e aos cinemas (ao menos em locais onde estes ambientes já são mais seguros, o que ainda não é o caso na minha cidade).

Com uma história que se passa majoritariamente entre os eventos de Captain America: Civil War e Avengers: Infinity War, Black Widow também revisita alguns aspectos da origem de Natasha Romanoff (Scarlett Johansson), de modo a dar um passado com motivações mais palpáveis para a já conhecida personagem. Isso envolve um período muito particular da infância da heroína, vivido no estado norte-americano de Ohio na companhia de Yelena Belova (Florence Pugh), Melina (Rachel Weisz) e Alexei (David Harbour).

Aliás, é Yelena quem dá o pontapé inicial na trama. Ao descobrir uma cura para o controle mental aplicado pelo perigoso Dreykov (Ray Winstone) – responsável pelo cruel treinamento de um grupo de assassinas conhecidas como “viúvas”, do qual ambas já fizeram parte –, a jovem tenta entrar em contato com sua velha conhecida que tem amigos poderosos, mas encontra Natasha sem o apoio de toda a estrutura dos Avengers. Por conta disso, na tentativa de derrubar Dreykov de vez, as duas se reúnem e, eventualmente, reencontram Melina e Alexei. Porém, há um problema: não está muito claro quem no grupo é ou não confiável.

Com uma trama não tão rocambolesca quanto a Marvel costuma entregar – mas, ainda assim, repleta de elementos “científicos” e tecnologias “avançadas” –, Black Widow funciona como uma boa aventura dentro de um universo mais amplo e dá a Natasha um destaque a muito merecido. Talvez falte à produção certa grandiosidade característica de heróis mais poderosos ou uma trama integrada a um mistério amplo, porém, isso provavelmente não combinaria com a própria personagem.

A aposta da produção para empolgar, então, recai sobre duas velhas conhecidas do público: porradas e perseguições. O que não falta são lutas bem coreografadas e com todo o tipo de armas, incluindo destruições de cozinhas, corridas por telhados, facadas (neste caso, a arma é virada no corpo da vítima para garantir um maior dano), fugas de prisões, perseguições por ruas europeias estreitas, explosões diversas e um grande desespero final que reúne vários confrontos importantes.

O detalhe é que não é “só” isso. Embora seja obviamente feito para empolgar multidões, o filme entregue pela diretora Cate Shortland consegue apresentar uma história intrigante, com uma identidade própria e que se encaixa dentro do que já conhecemos a respeito da personagem e do universo em si. Ainda que tudo tenha sido estrategicamente posicionado para não interferir com o que já estava posto, Black Widow realmente acrescenta algo ao conjunto.

Com isso, este não é o melhor longa-metragem do estúdio e talvez nem seja exatamente um “filme de herói” como nos acostumamos a ver (e a ansiar), mas é uma boa diversão. Sem dúvida, seria muito mais empolgante ter visto Black Widow em uma tela de cinema, entretanto, a dimensão “menor” da história o faria uma escolha possível para quem está optando por economizar nos ingressos e assistir a algo embaixo das cobertas. Com algum esforço, dá para fingir que o sofá foi uma escolha e não uma necessidade.

Outras divagações:
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Ant-Man and the Wasp
Black Panther
Captain America: The First Avenger
Captain America: The Winter Soldier
Captain America: Civil War
Captain Marvel
Doctor Strange
Guardians of the Galaxy
Guardians of the Galaxy Vol. 2
Iron Man
Iron Man 2
Iron Man 3
Spider-Man: Homecoming
Spider-Man: Far from Home
The Avengers
Avengers: Age of Ultron
Avengers: Infinity War
Avengers: Endgame
Thor
Thor: The Dark World
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