A estafa relacionada a filmes de super-heróis finalmente me alcançou. Por algum motivo, não só demorei para ir conferir Black Panther: Wakanda Forever como também estava esperando por algo absolutamente morno. Mas a vantagem dessa baixa expectativa é que acabei me surpreendendo positivamente.

Admito que o longa-metragem não é uma obra-prima, não reinventa o gênero e nem faz nada de absolutamente fantástico. Ainda assim, ele dá uma maneirada no “senso de humor Marvel” (algo que seu antecessor já havia feito) e opta por focar em seus personagens em vez de entregar reviravolta atrás de reviravolta. Juntando isso com muitos efeitos especiais, várias cenas de perseguição e umas batalhas confusas, acho que o saldo é positivo.

Mas o mais importante é que Black Panther: Wakanda Forever não só lembra Chadwick Boseman como o homenageia durante todo o filme, transformando a morte de seu personagem no coração da história. Sim, esse é um filme sobre o luto – e, convenhamos, com mais de dois anos de pandemia nas costas, todos conseguimos nos relacionar com isso.

Em resumo, a produção acompanha a jornada de Shuri (Letitia Wright) para lidar com a perda do irmão e a culpa por não ter conseguido o salvar. Em meio a isso, a rainha Ramonda (Angela Bassett) ainda precisa lidar com a pressão internacional envolvendo o interesse de outros países pelo vibrânio de Wakanda.

O detalhe é que, quando a estudante Riri Williams (Dominique Thorne) consegue elaborar uma máquina que detecta o metal, a nação ameaçada não é exatamente a africana, mas um povo de origem asteca que vive no fundo do mar e é liderado há séculos pelo poderoso Namor (Tenoch Huerta). Na tentativa de proteger a jovem, Shuri acaba criando uma verdadeira guerra com o país marinho.

Com essa trama relativamente simples, Black Panther: Wakanda Forever consegue encaixar facilmente momentos para Okoye (Danai Gurira) brilhar, além de dar algum destaque para Nakia (Lupita Nyong'o), M'Baku (Winston Duke), Everett Ross (Martin Freeman) e até mesmo Val (Julia Louis-Dreyfus). O único problema é que a própria Shuri acaba enfraquecida, perdida entre ser uma heroína relutante ou uma grande vingativa – o que, por sua vez, acaba me deixando curiosa sobre como um terceiro filme deve se desenvolver.

Outro ponto que me chama atenção é a conexão desta história com todo o “universo” Marvel. Ao contrário do que aconteceu em outras produções, não acho que há a necessidade de fazer uma revisão antes de encarar a sala de cinema. Mas também não acredito que o roteirista e diretor Ryan Coogler vai conseguir segurar essa “independência” por muito mais tempo, ainda mais considerando a entrada oficial de mutantes (lembrando que um terceiro filme ainda não foi confirmado).

De qualquer modo, visto individualmente, Black Panther: Wakanda Forever tem pouco para o sustentar além da força do sentimento de luto. A trama funciona e as cenas de ação conseguem empolgar uma sala de cinema cheia, mas nenhuma é particularmente memorável. Além disso, todo o contexto traz muitas oportunidades para efeitos especiais de “encher os olhos”, embora o resultado acabe sendo estranhamente esquecível.

Felizmente, o universo e os personagens seguem sendo interessantes, de modo que o longa-metragem fez bem em focar neles. A falta de um desenvolvimento real, entretanto, faz com que os próximos passos sejam bem incertos. Só nos resta aguardar (de preferência, sem muitas expectativas).

Outras divagações:
Ant-Man
Ant-Man and the Wasp
Black Panther
Black Widow
Captain America: The First Avenger
Captain America: The Winter Soldier
Captain America: Civil War
Captain Marvel
Doctor Strange
Doctor Strange in the Multiverse of Madness
Eternals
Guardians of the Galaxy
Guardians of the Galaxy Vol. 2
Iron Man
Iron Man 2
Iron Man 3
Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings
Spider-Man: Homecoming
Spider-Man: Far from Home
Spider-Man: No Way Home
The Avengers
Avengers: Age of Ultron
Avengers: Infinity War
Avengers: Endgame
Thor
Thor: The Dark World
Thor: Ragnarok
Thor: Love and Thunder