Divagações: The French Dispatch
9.11.22
Quando as primeiras impressões não muito calorosas sobre The French Dispatch começaram a chegar aos meus ouvidos, eu realmente me desanimei em relação ao filme. Imaginei que Wes Anderson – que dirige e roteiriza a produção – poderia ter perdido seu toque “mágico” para contar histórias (acontece, todo mundo tropeça).
Porém, acho que se trata mais de uma questão de expectativas e de conhecimento sobre a proposta. Se você é absolutamente contra qualquer tipo de spoilers, suponho que as decepções sejam mais frequentes do que para alguém que já tem uma noção do que vai encontrar (mas isso é assunto para algum outro momento).
Neste caso, há menos romance e menos humor do que se poderia esperar em um primeiro momento, com o foco sendo jogado para um grupo de repórteres bastante particular. Em resumo, The French Dispatch não é exatamente um filme convencional, nem mesmo para seu diretor.
A produção, na verdade, é composta por seis narrativas referentes a diferentes textos da publicação jornalística que dá nome ao longa-metragem. Em alguns casos, histórias e personagens se cruzam (estamos falando de colegas de trabalho, afinal), mas não há nenhuma conexão real entre os textos além da já mencionada. Além disso, há um forte apego à narração e à palavra escrita, conectando cada segmento ao “material original”, ainda que as estratégias usadas para isso nem sempre sejam as mesmas.
Como se trata de uma publicação originária do Kansas sobre acontecimentos europeus e tudo se passa na fictícia cidadezinha francesa de Ennui-sur-Blasé, há um tom de anedota política e bizarrice que só um correspondente internacional com um bom senso de humor pode prover (e que, como na realidade, nem sempre funciona). Os segmentos envolvem um obituário, um breve guia de viagens, um artigo sobre ciclismo, um longo relato sobre a vida de um artista, uma peça política de ética jornalística questionável e uma resenha culinária que acaba virando uma peça policial.
E tudo isso conta com o forte direcionamento gráfico dado por Wes Anderson, o humor melancólico já esperado, com direito a aquele estranho sentimento de nostalgia do não vivido, e um elenco repleto de grandes nomes. Aliás, nenhum dos atores chega a ter muito tempo de tela, dada a própria natureza da produção, mas, em alguns casos, as aparições realmente são no esquema “piscou, perdeu”.
Entre os mais conhecidos, cito: Benicio Del Toro, Adrien Brody, Tilda Swinton, Léa Seydoux, Frances McDormand, Timothée Chalamet, Jeffrey Wright, Bill Murray, Owen Wilson, Tony Revolori, Christoph Waltz, Liev Schreiber, Willem Dafoe, Edward Norton, Saoirse Ronan, Elisabeth Moss, Jason Schwartzman e Anjelica Huston (apenas em voz).
Enquanto um filme sobre jornalismo, The French Dispatch está obviamente muito longe da realidade de qualquer redação. Ainda assim, é um longa-metragem sobre a reportagem, o descobrimento dos fatos e o relato (e um pouco sobre a convivência entre os profissionais da área). Como jornalista, acabei me sentindo mais “homenageada” pela forma do que pelo conteúdo, o que não deixa de ser curioso. É uma visão idealizada e cor-de-rosa, exatamente como eu esperaria do cineasta – e algo que eu preciso, de vez em quando, para seguir em frente no meu próprio dia a dia.
Outras divagações:
The Royal Tenenbaums
The Life Aquatic with Steve Zissou
Fantastic Mr. Fox
Moonrise Kingdom
The Grand Budapest Hotel
Isle of Dogs
Porém, acho que se trata mais de uma questão de expectativas e de conhecimento sobre a proposta. Se você é absolutamente contra qualquer tipo de spoilers, suponho que as decepções sejam mais frequentes do que para alguém que já tem uma noção do que vai encontrar (mas isso é assunto para algum outro momento).
Neste caso, há menos romance e menos humor do que se poderia esperar em um primeiro momento, com o foco sendo jogado para um grupo de repórteres bastante particular. Em resumo, The French Dispatch não é exatamente um filme convencional, nem mesmo para seu diretor.
A produção, na verdade, é composta por seis narrativas referentes a diferentes textos da publicação jornalística que dá nome ao longa-metragem. Em alguns casos, histórias e personagens se cruzam (estamos falando de colegas de trabalho, afinal), mas não há nenhuma conexão real entre os textos além da já mencionada. Além disso, há um forte apego à narração e à palavra escrita, conectando cada segmento ao “material original”, ainda que as estratégias usadas para isso nem sempre sejam as mesmas.
Como se trata de uma publicação originária do Kansas sobre acontecimentos europeus e tudo se passa na fictícia cidadezinha francesa de Ennui-sur-Blasé, há um tom de anedota política e bizarrice que só um correspondente internacional com um bom senso de humor pode prover (e que, como na realidade, nem sempre funciona). Os segmentos envolvem um obituário, um breve guia de viagens, um artigo sobre ciclismo, um longo relato sobre a vida de um artista, uma peça política de ética jornalística questionável e uma resenha culinária que acaba virando uma peça policial.
E tudo isso conta com o forte direcionamento gráfico dado por Wes Anderson, o humor melancólico já esperado, com direito a aquele estranho sentimento de nostalgia do não vivido, e um elenco repleto de grandes nomes. Aliás, nenhum dos atores chega a ter muito tempo de tela, dada a própria natureza da produção, mas, em alguns casos, as aparições realmente são no esquema “piscou, perdeu”.
Entre os mais conhecidos, cito: Benicio Del Toro, Adrien Brody, Tilda Swinton, Léa Seydoux, Frances McDormand, Timothée Chalamet, Jeffrey Wright, Bill Murray, Owen Wilson, Tony Revolori, Christoph Waltz, Liev Schreiber, Willem Dafoe, Edward Norton, Saoirse Ronan, Elisabeth Moss, Jason Schwartzman e Anjelica Huston (apenas em voz).
Enquanto um filme sobre jornalismo, The French Dispatch está obviamente muito longe da realidade de qualquer redação. Ainda assim, é um longa-metragem sobre a reportagem, o descobrimento dos fatos e o relato (e um pouco sobre a convivência entre os profissionais da área). Como jornalista, acabei me sentindo mais “homenageada” pela forma do que pelo conteúdo, o que não deixa de ser curioso. É uma visão idealizada e cor-de-rosa, exatamente como eu esperaria do cineasta – e algo que eu preciso, de vez em quando, para seguir em frente no meu próprio dia a dia.
Outras divagações:
The Royal Tenenbaums
The Life Aquatic with Steve Zissou
Fantastic Mr. Fox
Moonrise Kingdom
The Grand Budapest Hotel
Isle of Dogs
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