Divagações: In the Heights

Assim como muitos, eu fui conquistada por Lin-Manuel Miranda desde a primeira vez que ouvi a trilha sonora de Hamilton. De lá para cá, prat...

In the Heights
Assim como muitos, eu fui conquistada por Lin-Manuel Miranda desde a primeira vez que ouvi a trilha sonora de Hamilton. De lá para cá, praticamente decorei a maior parte das canções e também me aventurei por outros trabalhos do ator, cantor e compositor, incluindo as músicas de Moana e sua participação em Mary Poppins Returns. Porém, para que Hamilton pudesse existir e atingir as dimensões que alcançou, antes houve In the Heights.

Esta história, que agora chega aos cinemas sob a direção de Jon M. Chu (ou quase, já que a pandemia ainda não acabou), estreou originalmente em 2005, chegando a Broadway em 2008 – mesmo ano em que os direitos para a adaptação cinematográfica foram comprados – e permanecendo em cartaz até 2011, posteriormente recebendo uma variedade de montagens em diversos lugares pelo mundo, incluindo São Paulo (SP). O longo caminho (e a resiliência para chegar às telonas) mostra o quanto esta trama é querida por seus idealizadores e como ela conseguiu se manter relevante para o público.

Usnavi (Anthony Ramos), com o auxílio de seu primo Sonny (Gregory Diaz IV), comanda uma lojinha de esquina no bairro em que mora em Nova York, Washington Heights, basicamente servindo café para a comunidade latina. Entre seus fiéis clientes está a manicure e cabeleireira Vanessa (Melissa Barrera), por quem ele tem uma quedinha. Porém, enquanto ele está lutando para comprar um barzinho em uma belíssima praia da República Dominicana, ela está se esforçando para se tornar uma estilista e se mudar para uma localização melhor em Nova York.

Além de viver seus próprios dramas, Usnavi também acompanha os alheios. Tendo sido praticamente criado pela “abuela” Claudia (Olga Merediz), ele enxerga Nina (Leslie Grace) como uma irmã. A moça é o orgulho do bairro por estar fazendo faculdade em Stanford, mas voltou para casa nas férias de verão com um segredo: quer largar os estudos. A única pessoa que parece a respeitar em sua decisão é o ex-namorado Benny (Corey Hawkins), que também é o melhor amigo de Usnavi.

Apesar da vida não ser exatamente fácil em Washington Heights, as pessoas acham motivos para continuar cantando, dançando e, principalmente, sonhando. Entretanto, a crescente gentrificação e as consequências de um blecaute de vários dias em pleno verão conseguem abalar fortemente a comunidade. Ou seja, In the Heights vai além de romances e da promessa da “terra das oportunidades”, mostrando como estas pessoas lutam para ficar unidas de modo a se apoiarem mutuamente.

Ao mesmo tempo, o filme é incrivelmente vibrante. Com várias tramas se entrecruzando, não há um momento de descanso e as contagiantes (e devidamente grudentas) canções vão se seguindo de forma constante. Inclusive, a música parece tão intrínseca à realidade daquelas pessoas que chega a ser estranho quando elas não estão cantando. Desta forma, não é necessária qualquer desculpa para que um personagem comece a se expressar com um ritmo, qualquer que seja ele.

Ainda que o andamento da história não seja particularmente inventivo e cheio de reviravoltas, In the Heights dá conta de manter a atenção do espectador com seus truques visuais – fica até difícil imaginar como isso tudo acontecia em um palco –, com as músicas grudentas, com o vozeirão do elenco e com a profusão de coisas acontecendo ao mesmo tempo. No final das contas, nem parece que são quase 2h30 de filme.

Para completar, vale dizer que os fãs de Lin-Manuel Miranda não ficam decepcionados. Afinal, além das músicas dele, a produção também conta com uma participação relativamente grande dele como ator.

Outras divagações:
G.I. Joe: Retaliation
Now You See Me 2
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