Divagações: 9
17.12.10
Ontem foi o aniversário do Cinema de Novo e hoje alcançamos a marca de 100 divagações! Mais uma vez, gostaria de agradecer a todos que fizeram isso possível! Acredito que, durante esse período, os textos melhoraram (um pouco, pelo menos) e isso só foi possível com a prática e as críticas. Espero me aperfeiçoar ainda mais com o tempo e que vocês continuem aturando meus pensamentos – por vezes confusos – que se tornam textos.
Já que ontem falei de Elijah Wood, hoje vou continuar pelo mesmo caminho. Mas, dessa vez, os olhos azuis dele não estão no filme. 9 é uma animação corajosa, diferente do habitual e produzida por Tim Burton (o que um aval peculiar de qualidade). A direção e o argumento são do estreante Shane Acker, que já havia trabalhado anteriormente com animação e efeito especiais (fez, inclusive, parte da equipe de The Lord of the Rings: The Return of the King).
O filme conta a história de um grupo de nove bonecos de pano que vivem em mundo pós-apocalíptico. Eles não sabem exatamente como as coisas chegaram naquele ponto, mas lutam para sobreviver como podem. Cada um deles possui um número nas costas e uma característica bem marcante, resultando em uma equipe eficiente. Quando conseguem trabalhar em equipe, claro. 9 (Elijah Wood) é o último desses bonecos a despertar e começa a questionar o modo de vida dos demais, que estão sob a liderança de 1 (Christopher Plummer). Ele encontra apoio no criativo 2 (Martin Landau), no companheiro 5 (John C. Reilly) e na corajosa 7 (Jennifer Connelly). Mas a curiosidade de 9 faz com que ele acorde uma máquina terrível e disposta a caçar todo o grupo.
Assim, 9 não é exatamente um filme para os pequenos (sim, tem gente que ainda acha que toda animação é para crianças). Trata-se de uma ficção científica razoavelmente interessante e que merecia mais tempo para ser melhor elaborada (o filme tem apenas 79 minutos). Há ação, tensão, drama e uma vontade perceptível de fazer um filme legal. Faltou muito pouco para que o filme fosse realmente muito bom.
Embora o filme explique de maneira apropriada a relação entre os bonecos e seu criador, a questão da conexão deles com a máquina é um tanto quanto confusa. Isso sem contar o tal talismã (que eu não mencionei na sinopse, mas que não faz muita diferença para esse texto). Enfim, detalhes importantes que mereciam mais atenção de um roteiro que, de qualquer modo, é cheio de bons diálogos. O filme só não é mais prejudicado por isso devido ao seu visual bem cuidado, mostrando uma estética planejada e capaz de criar o clima certo. Os personagens bonitinhos, porém simples demais, contrastam com a paisagem desoladora, parecendo ao mesmo tempo frágeis e resistentes.
9 é um filme razoável, que merece ser apreciado pelo que é, inclusive com todas as suas falhas. São poucas as animações que encontramos por aí que conseguem contar a história que querem, com liberdade criativa e qualidade. Além disso, a mensagem passada não deixa de ser válida, principalmente nessa época do ano – com os espíritos natalinos aflorados. Afinal, no fundo, tudo o que a humanidade precisa está dentro de nós (brega, eu sei).
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