Divagações: Everything is Illuminated

Desde a primeira vez que soube da existência de Everything is Illuminated , eu quis muito ver o filme. As razões eram as mais diversas: os g...

Desde a primeira vez que soube da existência de Everything is Illuminated, eu quis muito ver o filme. As razões eram as mais diversas: os girassóis, os olhos azuis do Elijah Wood (ai, ai), a trilha sonora diferente do habitual, as cores vibrantes dos materiais promocionais, os ambientes extremamente abertos ou bastante claustrofóbicos, o sotaque de alguns personagens, o título, enfim: várias razões.

Não vou negar que acabei um pouco decepcionada.

Everything is Illuminated conta a história do colecionador judeu Jonathan Safran Foer (Elijah Wood). Quando seu avô morre, ele recebe mais um item para sua coleção: a foto de uma moça que ajudou seu avô a fugir para os Estados Unidos. Assim, ele decide ir até a Ucrânia procurar pela moça que talvez ainda esteja viva. Para isso, ele contrata os serviços de uma família que vive justamente de mostrar aos americanos os vilarejos onde praticamente todos os judeus morreram durante a Segunda Guerra Mundial. Seus guias nessa viagem serão o dançarino Alex (Eugene Hutz) e seu avô que acha que é cego (Boris Leskin), além do cachorro Sammy Davis Jr. Jr. (Mikki e Mouse).

Tudo é uma completa bizarrice. Desde as personalidades extremamente exageradas, a linguagem avacalhada (que é divertida), os figurinos caricatos e até a maneira de retratar a Ucrânia e seu povo. Se você está querendo ver algo diferente do habitual, Everything is Illuminated é o seu filme!

Qual é o meu problema com ele, então? Respondo: o excesso de expectativas. Fazia tanto tempo que queria ver, que criei uma ideia de como seria o filme, mas ele não correspondeu àquilo. Eu procurava por um filme cheio de esperança e cor (nesse ponto, coloco a culpa nos cartazes), mas encontrei algo triste e pálido, cheio de paisagens repetidas, memórias dolorosas e falsos encorajamentos. Isso não faz com que o filme seja ruim, é apenas uma natureza que eu não esperava encontrar nele. A execução é boa, a trilha sonora é interessante, cada um dos personagens traz um elemento novo que compõe um todo maravilhoso – sim, o filme é bonito. Mas é triste porque a guerra é triste e o que ela faz com as pessoas é triste.

O filme, na verdade, é sobre perder, buscar e encontrar. Às vezes o caminho não leva até onde nós gostaríamos, mas o ponto de chegada pode ser, inclusive, melhor (mais ou menos o meu caso com o próprio filme). Jonathan Safran Foer (o personagem que tem o mesmo nome do autor do livro, que também aparece no filme), por exemplo, procura por uma boa samaritana. No caminho, se depara com um país completamente diferente do seu e sofre um choque cultural. Depois, acaba se descobrindo naquele universo. Sua contraparte, Alex, também descobre muito sobre si mesmo, suas origens e seus familiares. Ao final, a busca “rígida” teve resultados tão extensos quanto duros.

Ainda assim, Everything is Illuminated não é um drama pesado, que vá fazer você chorar. É um filme sobre descobertas que merece ser encontrado por um público mais amplo, principalmente porque ele vai se revelar de diferentes maneiras para cada um.

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