Divagações: Unknown
3.3.11Não sabia o que esperar de Unknown. A primeira coisa em que pensei é que filmes de ação com personagens amnésicos já haviam saído de moda a algum tempo e que Neeson já estava meio passado para esse tipo de coisa. Muitos o comparavam a triologia Bourne, alguns a Total Recall, outras a Taken – por sinal, o filme anterior de Liam Neeson. Bem, acho que não ouvi direito a estas pessoas, pois as respostas para os meus questionamentos teriam sido bem mais óbvias. De qualquer modo, talvez tenha sido melhor assim. Acho que a minha própria ignorância me proporcionou algumas boas surpresas.
Martin Harris (Liam Neeson), aparentemente um grande pesquisador de biotecnologia, viaja com sua esposa Elizabeth (January Jones) para Berlim onde ele vai participar de um importante congresso internacional. Só que Harris sofre um grave acidente e é internado, saindo do hospital confuso e desnorteado, apenas para descobrir que ninguém mais o conhecia, e havia outro Martin Harris andando por aí com sua esposa. Em busca de respostas, Harris encontra Gina (Diane Kruger), a taxista que o salvou do acidente, e Ernst Jürgen (Bruno Ganz), um detetive particular disposto a ajudá-lo a recuperar a sua vida.
Não há como negar que Neeson é o único ator de maior peso na película, January Jones, apesar de bonitinha tem uma atuação inflexível e o resto do elenco “internacional” colabora com a ausência de bons nomes. Apesar de atores de certo talento, não dá para dizer que são o tipo facilmente reconhecível. Diane Kruger e Frank Langella, que interpreta Rodney Cole, um amigo de Harris, apesar de terem bons momentos carecem de presença em um filme essencialmente centrado em Neeson.
A história, infelizmente, começa lenta e demora um pouco para engrenar. As respostas vêm em doses pequenas e, de vez em quando, muito depois do que deveriam. Resumindo, Unknown é aquele tipo de filme que é bastante interessante, mas cujo final não vem no momento certo. Uma enxugada no roteiro ajudaria a deixar as coisas um pouco mais dinâmicas, pois o que não faltam são subtramas e cenas supérfluas que, geralmente, não chegam a lugar algum, podendo ser cortadas sem prejuízos. Apesar destes defeitos, a trama se sustenta razoavelmente bem, com boas surpresas e vários elementos que são bem amarrados posteriormente. Mesmo sem fomentar discussões como Shutter Island e Inception – e, de certa forma, ter um enigma bem mais óbvio –, Unknown não é um filme completamente descerebrado, o que certamente é um mérito.
Como disse anteriormente, Neeson está um pouco velho para um filme repleto de ação. Unknown não tenta forçar algo diferente desta percepção e procura compensar essa questão com boas cenas de perseguição, usando de mais tensão e menos correria do que outros filmes similares. Apesar de não ser brilhante em nenhum aspecto técnico, há bastante competência envolvida, tendo como resultado um filme até um pouco insípido, mas que não incomoda.
Assim, Unknown certamente é o tipo de filme que facilmente se perde em um canto de sua memória, mesmo sendo suficientemente interessante e instigante. Com certeza vale o ingresso do cinema ou o aluguel do DVD em uma tarde chuvosa, mas não há como negar que na verdade de trata de um filme pipoca. Pipoca de qualidade, mas pipoca mesmo assim.
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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