Livros: O Clube do Filme

A curiosidade bateu de frente com um certo preconceito em relação a esse livro. A temática de O Clube do Filme obviamente me interessava – ...

A curiosidade bateu de frente com um certo preconceito em relação a esse livro. A temática de O Clube do Filme obviamente me interessava – era um livro sobre crescimento pessoal, sobre filmes e sobre educação – ou, pelo menos, era isso o que eu achava. Como acontece com muitos filmes, o preço ajudou a curiosidade a prevalecer e agora tenho um exemplar de David Gilmour na minha estante (sim, sou fanática por promoções).

Lançado pela editora Intrínseca, O Clube do Filme tem 240 páginas em sua versão nacional, mas pode ser facilmente lido em uma única tarde e foi mais ou menos isso o que aconteceu comigo. O tamanho já não assusta, as letras são grandes, os capítulos são curtos, a linguagem é fácil, os brancos são bem aproveitados na diagramação. Enfim, é um livro tranquilo de ser ler, não exigindo muito de você.

Resumidamente, o livro conta a história de um pai (o próprio autor do livro) e seu filho, os dois vivendo momentos complicados. O pai é um crítico de cinema em uma fase “entre empregos”, já o filho simplesmente não vê sentido em ir para a escola. Tomando uma atitude inesperada, o pai deixa o filho abandonar os estudos sem nem precisar trabalhar, desde que eles assistam filmes em dupla e regularmente. A ideia acaba se mostrando muito mais uma reaproximação familiar que exatamente uma troca educativa, mas tem o seu valor. Os filmes vistos trazem muito da história do cinema estadunidense no que ela tem de melhor e pior, observando aspectos mais cultos e mais populares. Não que a seleção dos filmes tenha muito critério, na verdade. Afinal, essa é a história de duas pessoas desencontradas.

Como já mencionei, a linguagem é fácil e o livro vai acontecendo de uma maneira que acaba antes mesmo que você perceba, dando aquela sensação de que você poderia ter aproveitado melhor, lido mais devagar, talvez até vendo os filmes na medida em que eles fossem mencionados. Ao mesmo tempo, é bom que ele acabe tão depressa. O Clube do Filme, afinal, não chega a ser um primor de conteúdo (meu preconceito tinha razão de ser, afinal). Mesmo entendo muito do assunto, Gilmour coloca o enfoque em seu filho, deixando os comentários sobre os filmes em segundo plano. Mesmo tendo muito cinema, o livro respira família. Nesse ponto, vale mencionar, o livro também me decepciona porque é muito mais a vida que vai resolver a situação que o próprio clube do filme, uma iniciativa válida, mas um pouco despreparada.

Recomendo o livro para quem gosta de cinema e quer ler algo singelo sobre o assunto ou para qualquer um que queira algo rápido e que não exija muito (para uma viagem de ônibus, talvez). Também é interessante para quem quer montar sua própria lista de “quero ver”. Ao final, o autor fez o favor de enumerar todos os filmes vistos e muitos deles realmente valem à pena.

Quem quiser procurar pelo texto original, deve ir atrás do título The Film Club: A Memoir, publicado pela Grand Central Publishing em 2009. O livro já foi reimpresso.

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