Divagações: Assalto ao Banco Central
22.3.12
Imagine
esse filme: Uma equipe formada por diversos homens, cada um com uma habilidade
diferenciada, resolve fazer um grande assalto. O plano precisa ser muito bem
elaborado e nada pode dar errado. Para temperar um pouco mais a questão, há uma
história de amor mal resolvida em jogo. Pode até parecer, mas não estou falando
de Ocean’s Eleven.
Assalto ao Banco Central é um filme nacional que não nega essa característica e nem se
preocupa em disfarçar. Ao mesmo tempo, também não procura carregar cada segundo
de brasilidade, deixando a história correr naturalmente. O filme é a estreia do
diretor Marcos Paulo no cinema, depois de muitas novelas e séries de televisão.
Para quem tem certo preconceito, garanto que ele se adaptou bem a nova mídia,
dando um bom ritmo ao filme, que já contava com o roteiro bem elaborado Rene Belmonte, Lucio Manfredi (colaborador) e Tais Moreno (pesquisadora). Ou seja, não
foi um filme feito às pressas ou de qualquer jeito.
Ao
mesmo tempo, também não espere por uma aventura divertida onde os assaltantes
são lindos, espertos e carismáticos. Mais próximo à realidade, Assalto ao Banco Central tem sujeira (literal e figurativamente), corrupção, brigas internas,
cara feia e traição (em mais de um sentido). Tem gente que se dá mal enquanto
outros se dão bem e alguns precisam se esforçar mais para sair ilesos.
Barão (Milhem Cortaz) é quem
tem a ideia e reúne a equipe. Ao seu lado, inicialmente, estão sua namorada Carla
(Hermila Guedes)
e o amigo Mineiro
(Eriberto Leão),
recém-saído da cadeia. Em pouco tempo se juntam ao bando o ex-policial Léo (Heitor Martinez Mello), o especialista em cavar buracos Tatu (Gero Camilo),
o engenheiro Doutor (Tonico Pereira) e a galera que vai cavar, além do religioso Denivado (Vinícius de Oliveira),
que é irmão de Carla. Eles montam uma empresa de grama sintética de fachada e,
depois do assalto, só precisam se esquivar da investigação liderada por Amorin
(Lima Duarte) e Telma (Giulia Gam).
Com
um elenco razoavelmente grande e muitos apelidos, o filme se aproveita para
deixar o espectador em dúvida durante as cenas de investigação. Afinal, com uma
equipe despreparada como essa, alguma coisa tinha que acabar dando errado.
Desde o início ficamos sabendo que a investigação conseguiu alguma coisa, mas
não dá para saber exatamente o que aconteceu até o final – também bastante
provável.
A
única parte do filme que peca um pouco é o próprio assalto. Eu gostaria de
acreditar que não é tão fácil invadir o Banco Central e driblar o sistema de
segurança – ainda assim, a trama é baseada em um assalto ocorrido em Fortaleza, entre os dias seis e sete de agosto de 2005. Além disso, escolheram os membros mais importantes da
equipe para fazer a pior parte, o que talvez não seja muito esperto (mas, como
dizem, se você quer uma coisa bem feita, faça você mesmo).
De qualquer modo,
mesmo que não seja o melhor filme do mundo, Assalto ao Banco Central é uma obra
competente. A narração não deixa o espectador cansado e prende a atenção.
Sabendo usar os clichês – vamos admitir que eles são inevitáveis –, a equipe da
produção construiu uma obra original, capaz de deixar para trás comparações que
poderiam ser feitas inicialmente. Vale a pena apreciar o cinema nacional em um
final de tarde com pipoca. Sem dúvida, vai ser melhor que o que estiver
passando na televisão aberta.
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