Divagações: The Next Three Days

Eu queria um filme de ação que fosse razoavelmente bom, mas não comprometesse o meu sono, já que teria que acordar cedo no dia seguinte. ...

Eu queria um filme de ação que fosse razoavelmente bom, mas não comprometesse o meu sono, já que teria que acordar cedo no dia seguinte. Assim, optei por The Next Three Days. No final das contas, encontrei o que eu procurava, mas não apenas isso.

O filme conta a história de John Brennan (Russell Crowe), um pai carinhoso e marido apaixonado que sofre – e muito – por ter que ir visitar sua mulher, Lara (Elizabeth Banks), na cadeia. Ela foi acusada de assassinato e ele parece ser o único a acreditar em sua inocência. Por mais que familiares e amigos sejam solidários, John começa a ficar desesperado quando todos os recursos judiciais já foram tentados e Lara é efetivamente condenada à prisão perpétua. Ele, então, começa a planejar uma fuga praticamente impossível.

Dessa forma, o que eu descrevi acima coincide com o tipo de ação que eu buscava: não frenética, mas ágil e esperta. Ao mesmo tempo, The Next Three Days traz uma história de amor bonita e fora dos padrões, pois o marido é o mais apaixonado e carinhoso que já existiu (mesmo com o histórico truculento do ator). Aliás, a grande vantagem do filme está justamente nas personalidades do casal de protagonistas, que são bem desenvolvidas e convencem. Poderia ser um conhecido seu naquela situação ou até mesmo você. Como seria a sua reação diante de algo assim? Mérito do diretor e roteirista Paul Haggis, que sempre investe nas pessoas.

Os outros personagens também se enquadram de maneira adulta na trama, sem forçar barras e reagindo naturalmente. Helen Carey e Brian Dennehy interpretam os pais de John, enquanto Olivia Wilde é a mãe de uma amiga do filho dele, Luke (Ty Simpkins). Com essas relações simples entre os personagens mais relevantes, tudo flui de maneira natural. Quem destoa – de modo a fazer a história andar – é o próprio protagonista, que sai de seu ambiente natural para dar sequência a seu plano, cometendo erros no caminho e realizando ações um tanto inesperadas.

Assim, por mais que algumas cenas sejam questionáveis (afinal, como um pacato professor vai acabar fazendo isso?), a trama tem a (válida) desculpa de que se trata de uma pessoa desesperada. Sua principal característica é justamente mostrar a transformação desse personagem, retratado como um pai legal e levemente imaturo no início, até o homem calculista que pretende fazer qualquer coisa para tirar sua esposa da cadeia, inclusive arriscando sua própria liberdade. A propósito, cada detalhe do plano é revelado à medida que as coisas acontecem, garantindo boas surpresas para quem assiste ao filme.

No entanto, ainda que o elenco seja bastante competente e tudo esteja no lugar certo, o filme perde um pouco de seu impacto no último terço da história. Tudo parece se encaminhar para a conclusão, não abrindo muito espaço para uma tensão maior e tornando o final longo e insosso. Claro que o espectador fica com dúvidas durante todo o tempo (ela é ou não culpada? A fuga vai ou não dar certo?), mas faltou um tempero extra, principalmente nas cenas de ação – mesmo que não seja prioridade, às vezes é bom dar umas corridas.

No final das contas, o resultado é uma boa história, contada de maneira eficiente e capaz de manter uma pessoa acordada até o final, mesmo tendo compromissos para a manhã seguinte (como era o meu caso). Definitivamente, The Next Three Days merece ser descoberto e visto diversas vezes.

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