Divagações: Percy Jackson - Sea of Monsters
8.8.13
Muitos foram os que almejaram criar um novo Harry Potter – tanto é que os anos 2000 estão abarrotados de tentativas de emplacar mais uma série infanto-juvenil com elementos de fantasia. Dessa enxurrada toda, talvez a que mais se esforçou para pegar carona no vácuo que Harry Potter deixaria nos cinemas foi Percy Jackson, que emplacou um filme até que simpático nos idos de 2010 e que, apesar de todos os problemas, conseguiu garantir uma sequência, algo que a maior parte de seus concorrentes não teve.
Em Percy Jackon: Sea of Monsters, voltamos a ver as aventuras de (!) Percy Jackson (Logan Lerman) que, depois de salvar o Olimpo, vem sofrendo uma crise por não ter feito mais nada de relevante nos últimos anos, sendo constantemente ofuscado por Clarisse (Leven Rambin), filha de Ares e a grande estrela do acampamento. Porém, quando a barreira que protege os meios-sangues enfraquece, cabe a Percy e seus amigos, Annabeth (Alexandra Daddario) e Grover (Brandon T. Jackson), buscar o velocino de ouro, um artefato que é capaz de curar qualquer pessoa ou objeto.
Assim, o roteiro não perde muito tempo reintroduzindo personagens ou os apresentando para espectadores que não assistiram ao primeiro filme da franquia. Pode-se até se dizer que se trata de uma continuação bem direta, que lida com as consequências das situações apresentadas anteriormente. Dessa forma, não é exatamente uma obra indicada para quem chegou de paraquedas e talvez exija um pouco de conhecimento do background da série.
A história em si é bacana, mas senti falta de elementos míticos na composição do cenário e dos personagens. É claro que eles existem, mas não fazem um trabalho tão interessante em criar aquele clima de ‘deuses gregos no mundo moderno’, o que talvez seja o apelo da franquia para algumas pessoas. Talvez isso ocorra justamente pelo fato de Percy Jackon: Sea of Monsters ser um filme mais enxuto em termos de orçamento. Não sei se é assim nos livros, mas tenho a impressão de que a ausência de certos personagens é mais uma questão de economia do que opção narrativa.
De todo modo, o filme é uma aventura divertida e que funciona bem mais por conta da interação dos personagens, sobretudo os novos – que destoam do modelo de Harry Potter –, do que através das situações em si, que deixam um pouco a desejar no quesito originalidade. O clima continua prestando suas homenagens aos filmes de aventura dos anos 1980, mesmo fora da tutela de Chris Columbus, e mantém, de algum modo, a natureza meio episódica desse gênero em uma releitura satisfatória para a nova geração.
Quanto aos aspectos técnicos, o 3D tem uma ou duas boas cenas, mas no geral é subaproveitado e dificilmente pode ser chamado de necessário. O mesmo vale para os efeitos especiais, que estão bem mais contidos do que no antecessor, dando mais ênfase em técnicas tradicionais do que na computação gráfica, então não esperem por nada de muito impressionante.
Tal qual como ocorre no primeiro filme, Percy Jackon: Sea of Monsters sofre com inconsistências, furos no roteiro e soluções apressadas, males comuns a qualquer adaptação. Porém, consegue ser divertido e empolgar. Não sei se é o suficiente para justificar uma ida ao cinema – sobretudo com os caríssimos ingressos para as salas 3D –, mas se você por acaso gostou de Percy Jackson and the Lightning Thief, talvez essa seja uma boa pedida para uma tarde descompromissada.
Outras divagações:
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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