Divagações: How to Train Your Dragon: The Hidden World

É estranho dizer, mas é provável que algumas das melhores franquias cinematográficas – aquelas que conseguem crescer e se reinventar – sej...

É estranho dizer, mas é provável que algumas das melhores franquias cinematográficas – aquelas que conseguem crescer e se reinventar – sejam de animações. O exemplo mais claro talvez seja Toy Story, da Pixar, mas a DreamWorks também tem do que se orgulhar. How to Train Your Dragon: The Hidden World é o terceiro filme de uma série que sempre surpreende, especialmente por trazer um tom diferente para o gênero.

Divertidas, cômicas, visualmente caprichadas, mas com um quê de melancólicas, as aventuras de Hiccup (Jay Baruchel) e seu dragão Toothless podem até ser acusadas de terem caído em uma fórmula, mas não dá para dizer que haja qualquer coisa sequer parecida por aí.

Dessa vez, o herói vive as agruras do começo de sua vida adulta, tendo que encarar responsabilidades práticas em relação ao comando de seu povo e enfrentado certa pressão no longo relacionamento com Astrid (America Ferrera). Embora seus amigos sigam sendo os mesmos abobalhados de sempre, ele cresceu e descobriu que a vida continua sendo formada por uma série de incertezas.

Mas, como não se trata de um drama pessoal sobre um jovem líder viking, Hiccup logo é levado para mais um desafio, onde precisará se provar perante o legado de seus pais (Gerard Butler e Cate Blanchett). Agora, um perigoso caçador de dragões (F. Murray Abraham) decide que sua próxima vítima será Toothless – e ele tem em suas mãos a isca perfeita. A questão é que ameaçar o líder dos dragões significa também colocar toda a aldeia em risco.

Novamente escrito e dirigido por Dean DeBlois, How to Train Your Dragon: The Hidden World funciona permanece fiel a seu protagonista, à mensagem de amizade que caracteriza a série e à ideia de mostrar um constante amadurecimento. Ao mesmo tempo, o filme abandona um pouco seu apego às relações de pais e filhos para tratar de namoros e casamentos. O tema surge por toda a parte, desde as piadinhas dos amigos até a dinâmica felina entre Toothless e... Bom, não vou estragar a surpresa.

Com isso, a trilogia ganha um aspecto cativante, onde cada filme funciona bem individualmente, mas o conjunto se torna bem mais interessante. Afinal, agora temos a trajetória de Hiccup desde a infância até a vida adulta. Soma-se a isso o fato de que nenhum deles traz exatamente um clássico final feliz e temos aqui uma obra infanto-juvenil singular, daquelas que acabam encantando também os adultos.

Visualmente, o filme também chama atenção, inclusive com a utilização de alguns recursos inesperados de cor. Embora nem todos os novos dragões sejam particularmente divertidos (alguns representam o tradicional “lagartão alado malvado”), é sempre interessante ver o quanto a produção avançou no design dos personagens e nas texturas. Além das penugens que surgem no rosto do protagonista, agora há toda uma variedade nas armaduras de escamas. Infelizmente, não conferi como a produção explorou o 3D, mas – com tantas cenas de voo – oportunidades para impressionar o público não faltam.

Ainda que careça um pouco do frescor de nove anos atrás, How to Train Your Dragon: The Hidden World se mantém firme na imaginação de crianças e adolescentes e deve ser um dos melhores lançamentos em animação dessa temporada. O longa-metragem encerra muito bem uma série que se mostrou bastante única, o que pode-se dizer que é uma verdadeira honraria nos dias de hoje.

Outras divagações:
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