Uma animação estrelada por um porco que pilota um avião vermelho. Embora a ideia pareça bastante infantil, esse elemento fantástico em Kurenai no buta acaba sendo um dos poucos escapes em uma produção que poderia ser considerada séria demais para crianças (bom, talvez ela seja mesmo).
A história se passa na Itália durante os anos 1930, ou seja, no período entreguerras e durante a ascensão do regime fascista – e esse contexto é vivido com intensidade pelos personagens. Porco Rosso (Shûichirô Moriyama) é um veterano da 1ª Guerra Mundial que optou por viver isolado em uma praia de difícil acesso após ter sido enfeitiçado com a aparência de um porco. Ainda assim, ele às vezes sai para voar em algumas missões específicas, como para salvar um grupo de garotinhas sequestradas.
Sua aparente tranquilidade, entretanto, é ameaçada por um grupo de “piratas dos ares” que se juntam ao seu rival, o piloto estadunidense Donald Curtis (Akio Ôtsuka). Para enfrentar esse incômodo e voltar a viver em paz, Rosso precisa manter contato com uma antiga conhecida, Madame Gina (Tokiko Katô), e reformar seu avião com Piccolo (Bunshi Katsura VI), o que também envolve criar uma inesperada amizade com uma das netas do mecânico, Fio (Akemi Okamura).
Dessa forma, a trama central de Kurenai no buta pode até soar como uma aventura simples, tornada divertida pelos exageros da trama e pelas diversas piadas visuais. Os piratas, por exemplo, são extremamente caricatos, enquanto os demais humanos parecem normais (com a óbvia exceção do protagonista). Inclusive, acredito que o filme pode funcionar nesse nível e ser aproveitado de acordo.
Mas o longa-metragem tem mais uma camada e ela é evidente demais para ser ignorada, o que pode causar certas dissonâncias. Em diversas sequências, as interações entre os personagens são realmente tensas, com direito até a frases carregadas politicamente. Além disso, os mesmos momentos que rodeiam a brincadeira nos ares também demarcam que algo mais amplo está acontecendo; isso pode ser visto também na oficina onde há apenas mulheres – inclusive idosas – porque os homens estão em busca de trabalho em outros locais.
Assim, Kurenai no buta é uma daquelas obras em que Hayao Miyazaki tentou fazer muita coisa, mas, infelizmente, nem todas as peças se encaixam bem – e eu fico feliz que ele tenha tido a oportunidade de retomar alguns destes temas posteriormente. O contexto histórico e a dose de violência (há armas de fogo e uma briga de punhos bem exagerada) não parecem caber direito em uma produção para crianças. Ao mesmo tempo, o filme tenta se aproximar delas ao misturar realidade com fantasia, trazendo também ação e piadas, além de completar com uma dose de romance.
No final das contas, talvez apenas os adultos saibam realmente apreciar o que está na tela, embora Kurenai no buta demande aquele brilho no olhar que apenas os pequenos são capazes de trazer. De qualquer modo, o cuidado com a animação está devidamente presente e a produção é realmente um deleite visual. Os cenários são repletos de detalhes, as sequências de ação são dinâmicas e há uma série de minúcias que tornam o filme encantador. Inconsistente, mas ótimo.
Outras divagações:
Kaze no Tani no Nausicaä
Tonari no Totoro
Majo no takkyûbin
Mononoke-hime
Hauru no ugoku shiro
Gake no ue no Ponyo
Kaze tachinu
Kimitachi wa dô ikiru ka
A história se passa na Itália durante os anos 1930, ou seja, no período entreguerras e durante a ascensão do regime fascista – e esse contexto é vivido com intensidade pelos personagens. Porco Rosso (Shûichirô Moriyama) é um veterano da 1ª Guerra Mundial que optou por viver isolado em uma praia de difícil acesso após ter sido enfeitiçado com a aparência de um porco. Ainda assim, ele às vezes sai para voar em algumas missões específicas, como para salvar um grupo de garotinhas sequestradas.
Sua aparente tranquilidade, entretanto, é ameaçada por um grupo de “piratas dos ares” que se juntam ao seu rival, o piloto estadunidense Donald Curtis (Akio Ôtsuka). Para enfrentar esse incômodo e voltar a viver em paz, Rosso precisa manter contato com uma antiga conhecida, Madame Gina (Tokiko Katô), e reformar seu avião com Piccolo (Bunshi Katsura VI), o que também envolve criar uma inesperada amizade com uma das netas do mecânico, Fio (Akemi Okamura).
Dessa forma, a trama central de Kurenai no buta pode até soar como uma aventura simples, tornada divertida pelos exageros da trama e pelas diversas piadas visuais. Os piratas, por exemplo, são extremamente caricatos, enquanto os demais humanos parecem normais (com a óbvia exceção do protagonista). Inclusive, acredito que o filme pode funcionar nesse nível e ser aproveitado de acordo.
Mas o longa-metragem tem mais uma camada e ela é evidente demais para ser ignorada, o que pode causar certas dissonâncias. Em diversas sequências, as interações entre os personagens são realmente tensas, com direito até a frases carregadas politicamente. Além disso, os mesmos momentos que rodeiam a brincadeira nos ares também demarcam que algo mais amplo está acontecendo; isso pode ser visto também na oficina onde há apenas mulheres – inclusive idosas – porque os homens estão em busca de trabalho em outros locais.
Assim, Kurenai no buta é uma daquelas obras em que Hayao Miyazaki tentou fazer muita coisa, mas, infelizmente, nem todas as peças se encaixam bem – e eu fico feliz que ele tenha tido a oportunidade de retomar alguns destes temas posteriormente. O contexto histórico e a dose de violência (há armas de fogo e uma briga de punhos bem exagerada) não parecem caber direito em uma produção para crianças. Ao mesmo tempo, o filme tenta se aproximar delas ao misturar realidade com fantasia, trazendo também ação e piadas, além de completar com uma dose de romance.
No final das contas, talvez apenas os adultos saibam realmente apreciar o que está na tela, embora Kurenai no buta demande aquele brilho no olhar que apenas os pequenos são capazes de trazer. De qualquer modo, o cuidado com a animação está devidamente presente e a produção é realmente um deleite visual. Os cenários são repletos de detalhes, as sequências de ação são dinâmicas e há uma série de minúcias que tornam o filme encantador. Inconsistente, mas ótimo.
Outras divagações:
Kaze no Tani no Nausicaä
Tonari no Totoro
Majo no takkyûbin
Mononoke-hime
Hauru no ugoku shiro
Gake no ue no Ponyo
Kaze tachinu
Kimitachi wa dô ikiru ka

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