Divagações: Shrek Forever After

Era uma vez um filme inovador. Ele era uma animação, mas seu personagem principal não era uma princesa, nem uma pessoa humilde, simples e so...

Era uma vez um filme inovador. Ele era uma animação, mas seu personagem principal não era uma princesa, nem uma pessoa humilde, simples e sofredora. Era um ogro grande, resmungão, fedido e cheio de péssimos hábitos. Tudo o que ele queria era ficar sozinho. Até que... E o resto é história...

O fato é que o primeiro filme da franquia Shrek representou uma mudança na maneira de pensar a animação. Era a primeira vez que os adolescentes e adultos recebiam um filme colorido e cheio de músicas feito especialmente para eles. As crianças até podiam se divertir, mas o enfoque estava em um público mais velho, que poderia entender melhor as piadas e sair procurando as diversas referências feitas aos filmes clássicos da Disney.

Mas o tempo passou. O personagem se tornou cada vez mais popular e se afastou de seus objetivos iniciais, tanto dentro quanto fora dos filmes. Ao mesmo tempo em que o ogro se tornava um pai de família mais ou menos respeitável, os filmes ficavam cada vez mais infantis e politicamente corretos.

Assim, quando vou assistir a Shrek Forever After à noite e em uma sessão durante a semana, encontro uma sala completamente... Lotada! Como pode ser? Os dois filmes anteriores foram chatos, mas o personagem continua em evidência. Além de ter diversas ações de marketing – que incluem até sanduíches –, Shrek conta com o carinho de um público fiel e ansioso pelo que se imagina ser a última parte de sua história no cinema.

Eu realmente espero que seja a última. Embora seja mais divertido que os anteriores, há uma repetição temática e pouca história a ser contada. Dessa vez, o verdão (Mike Myers) está entediado com sua vida de pai de trigêmeos e de celebridade local, tudo o que ele quer é voltar a ser “um ogro grande, resmungão, fedido e cheio de péssimos hábitos”. Para isso, ele faz um acordo com Rumpelstiltskin (Walt Dohrn), um vilão que rende bons momentos. Só que, para variar, a transação mágica tem seu preço e a rescisão do contrato é complicada.

De qualquer forma, vale a pena relembrar do Shrek de antigamente. O primeiro filme é a referência da vez, como se tudo não passasse de uma despedida calorosa (não deixem de assistir aos créditos). Os personagens relembram as suas origens e quase voltam a ser como eram, mas o pelo de Donkey (Eddie Murphy) não é mais brilhoso e penteadinho e o Puss in Boots (Antonio Banderas) está gordo e aposentado... Pelo menos Fiona (Cameron Diaz) está com tudo!

Se você gosta muito dos personagens, vá assistir (se é que já não foi), pegue a pipoca e aproveite bastante esse filme, é melhor que os dois anteriores. Mas se você apenas quer ir ao cinema ver algo legal, recomendo a sala do lado. Ela está praticamente vazia e o filme que está passando é bem mais interessante: Toy Story 3. Ou espere o DVD.

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Obs.: Não viva feliz para sempre ainda! Ano que vem teremos Puss in Boots!

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