Divagações: Pitch Perfect 2

Segundo a Folha de São Paulo, uma pesquisa revelou que seis em cada 10 brasileiros preferem filmes dublados . O exemplo dado pela reporta...

Segundo a Folha de São Paulo, uma pesquisa revelou que seis em cada 10 brasileiros preferem filmes dublados. O exemplo dado pela reportagem era Minions, mas a verdade é que as salas de exibição levaram essa preferência para além das animações, comédias abobalhadas, produções infantis e dos filmes de terror baratos.

Por mais que Pitch Perfect 2 não seja uma grande obra-prima, acho muito estranho que um filme onde os atores cantam esteja disponível apenas com cópias dubladas na minha cidade. E, veja bem, eu estou em Curitiba (PR) e há quatro cineplexes exibindo a produção. Segundo a pesquisa citada acima, quase 30% do público deve ter ficado insatisfeito – e essa é uma fatia que não deveria ter sido ignorada pelas grandes redes exibidoras (caso você tenha se perguntado, os 10% restantes preferem filmes nacionais).

Felizmente, eu tive a oportunidade de assistir ao filme legendado! Beca (Anna Kendrick) está de volta, mas parece que ela continua sem muita vontade de fazer parte do grupo de cantoras a capella, já que arrumou um estágio em uma produtora e não tem muito tempo para se dedicar. Para completar, as Barden Bellas são lindas, populares e campeãs nacionais, mas colocam tudo a perder em uma performance que tem excesso de pirotecnias e um figurino com sérios problemas. Sem poder fazer apresentações nacionalmente, elas simplesmente partem para o campeonato mundial!

Com uma premissa dessas, não é difícil perceber que Pitch Perfect 2 é uma mera desculpa para reunir o elenco e fazer todo mundo cantar. A tensão que existia entre Fat Amy (Rebel Wilson) e Bumper (Adam DeVine) é levada a extremos, sendo que eles se tornam o casal do filme, já que Jesse (Skylar Astin) parece simplesmente não ter mais nada a acrescentar. Para completar, Chloe (Brittany Snow) e Aubrey (Anna Camp) estão de volta com desculpas bem esfarrapadas. Já Emily (Hailee Steinfeld) representa o único sangue novo no grupo, algo que poderia ter sido usado de forma muito melhor.

Ao contrário do anterior, que tinha uma fraca história de amadurecimento motivando os personagens, esse filme nem procura disfarçar. A universidade onde tudo acontece virou uma piada – digna de Greendale e outras instituições similares – e a personagem de Anna Kendrick perdeu qualquer personalidade espirituosa assim que encontrou sua nova ‘rival’, Kommissar (Birgitte Hjort Sørensen), a líder do grupo a capella alemão Das Sound Machine.

Aliás, há cenas para todas as meninas mostrarem quem são, mas Pitch Perfect 2 parece supor que você já conhece todos os personagens e não se preocupa muito em reapresentá-los. É estranho pensar que um filme tão leve e descomprometido permita que um espectador de primeira viagem saia da sala de cinema não só sem ter criado um vínculo emocional com os personagens, mas sem sequer saber o nome da maior parte deles.

O que não dá para dizer é que o filme não tenha apostado no humor. Como atriz e diretora, Elizabeth Banks fez questão de colocar o feminismo em pauta – estamos falando de um grupo só de garotas, afinal! – e deixou os meninos para papéis coadjuvantes. O comportamento machista é apresentado como sendo patético, mas não é ignorado.

E a música? Por mais que demore a empolgar, Pitch Perfect 2 tem várias canções e é sempre divertido ver o elenco cantando. Sem o apoio de arranjos elaborados, eles abusam das coreografias bem sincronizadas e da diversidade de vozes. Talvez falte uma carga dramática para acompanhar, mas esse é um problema geral do filme.

Outras divagações:

RELACIONADOS

0 recados