Divagações: The Host
9.4.13
Quando o livro em que The Host se baseia foi lançado, boa parte das vendas se deu para fãs da escritora Stephenie Meyer. Mesmo assim, a obra nunca teve uma repercussão tão grande quanto Twilight e suas continuações, que são da mesma autora. Uma adaptação para o cinema, obviamente, seria taxada como uma tentativa de se aproveitar de um público numeroso, fiel e pagante.
Contudo, um nome me chamou a atenção: Andrew Niccol. Responsável pela direção e pelo roteiro de The Host, ele construiu uma reputação com obras intrigantes e inteligentes, como Gattaca. Assim, seu envolvimento com o filme trouxe certa esperança para quem não queria ver apenas mais do mesmo.
The Host conta uma história passada no futuro, quando a humanidade foi dominada por uma raça alienígena parasita. Nesse contexto, Melanie (Saoirse Ronan) é uma jovem que luta por sua vida e pela de seu irmão, Jamie (Chandler Canterbury). Depois de um tempo na clandestinidade, os dois conhecem Jared (Max Irons), que se torna namorado de Melanie.
Eventualmente, contudo, a garota é capturada e uma alma alienígena passa a habitar seu corpo. Ainda assim, sua consciência resiste e ela convence a ‘parasita’ a ir ao encontro das pessoas que ama, mesmo com uma incômoda investigadora em seu encalço (Diane Kruger). Wanda (como essa outra consciência é chamada), então, tem dificuldades para conviver em meio aos humanos, mas acaba convencendo o líder dos refugiados, Jeb (William Hurt), e se encantando por Ian (Jake Abel).
Obviamente, esse ‘triângulo’ amoroso é absurdo e acaba ficando engraçado na tela do cinema. O próprio fato de uma pessoa ficar discutindo com seus pensamentos também serve de alívio cômico em muitos momentos, de maneira que é difícil levar The Host totalmente a sério. Na verdade, por mais que não apresente os livros nos mínimos detalhes, essa é uma adaptação bem fiel, capaz de manter as qualidades – e os defeitos – do material original.
O maior problema aqui é que a história é levada de uma maneira leve demais para os fãs de ficção científica, mas também pode dar um nó na cabeça de quem for ao cinema esperando por apenas um romance bobinho, porém avassalador. Para seu próprio mal (ou bem), o filme não é nenhuma das duas opções e acaba tendo dificuldades em encontrar seu público real. Pessoalmente, eu gosto da premissa e das situações criadas, embora entenda que a trama poderia ser bem mais interessante.
O elenco também faz o melhor que pode com os personagens rasos. Saoirse Ronan consegue interpretar tanto a hospedeira quanto a hospedada sem muitas dificuldades (o figurino ajuda); Max Irons aparece bem pouco; Jake Abel capricha na fofura; Diane Kruger consegue parecer controlada por fora e louca por dentro; e William Hurt parece estar se divertindo.
No geral, The Host ainda apela mais para as meninas, embora o público masculino não deva se incomodar tanto quanto em outras obras similares. Além disso, é uma opção agradável para quem está a fim de um entretenimento que não envolva muita ação (mas há algumas cenas mais fortes). Sem ser ruim nem bom, o filme acaba insosso, mostrando que não foi dessa vez que um livro considerado fraco se transformou em um filme digno de atenção. Fica para a próxima tentativa, Andrew Niccol!
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