Divagações: Detention

Brincar com gêneros na tentativa de subvertê-los é sempre divertido. Alguns filmes conseguiram fazer isso muito bem nos últimos tempos e,...

Brincar com gêneros na tentativa de subvertê-los é sempre divertido. Alguns filmes conseguiram fazer isso muito bem nos últimos tempos e, talvez, o maior exemplo seja The Cabin in the Woods. Ainda assim, vale a pena dar uma olhada no que Detention tem a oferecer.

O filme se passa em uma escola onde os alunos estão agitados por dois motivos principais: o mais importante é que o baile de formatura está chegando; o outro é que uma aluna foi recentemente assassinada. Riley Jones (Shanley Caswell) é uma menina patética e com tendências suicidas que gosta do popular Clapton Davis (Josh Hutcherson, que aos 19 anos também é um dos produtores executivos). Ele, contudo, está saindo com sua ex-melhor amiga, a bonitinha Ione (Spencer Locke) que, por sua vez, costumava namorar o jogador de futebol americano Billy Nolan (Parker Bagley). Para completar, o cara mais chato da escola, Sander Sanderson (Aaron David Johnson), está a fim de Riley e o diretor (Dane Cook) odeia seu próprio trabalho.

Nessa salada de personagens (que inclui ainda outras figuras estereotipadas, mas menos relevantes), vários acabam trancafiados em uma sala durante um sábado, cumprindo detenção. É nesse momento que o filme aproveita para mostrar que, além de ser exagerado e fazer pouco sentido, ele ainda pode ser completamente absurdo. À comédia besteirol adolescente se juntam o terror e a ficção-científica, mas nenhum com muita credibilidade – não que esse fosse o objetivo, claro.

De qualquer modo, para quem quer se divertir com os amigos e rir de uma produção descompromissada, Detention é uma boa pedida. O filme consegue ser louco e desconexo sem ser completamente apalermado. Na verdade, dá até para perceber que o diretor e roteirista Joseph Kahn (que assina o texto ao lado de Mark Palermo) tem muitas boas intenções. E elas contam para o resultado final, assim como o investimento em efeitos especiais.

Vamos às boas intenções. Para começar, o filme está repleto de referências divertidas a filmes como Carrie, Freaky Friday, The Karate Kid, The Breakfast Club, Back to the Future, Dirty Dancing, Road House, True Romance e Scream, além de várias menções a Star Trek. O filme também não se contenta em contar uma única aventura, de modo que há coisas demais acontecendo. Desde o serial killer mascarado até uma máquina do tempo, passando por um meteorito alienígena e uma pessoa misteriosa que está na detenção há 19 anos. Isso sem contar as coisas mais básicas, como a disputa de amor adolescente e a necessidade de passar de ano.

Dá certo? Bom, é preciso admitir que o resultado de Detention é questionável e boa parte do público provavelmente vai perceber o filme como uma babaquice. Ainda assim, acredito que ele deve encontrar seu alvo aos poucos. A produção é daquelas que levam a agilidade do ‘estilo vídeo-clipe’ a sério, quase como se fosse um elogio.

Aqueles que se incomodam com isso, podem simplesmente não assistir. Ao mesmo tempo, quem vai pelo absurdo pode até ignorar as referências e algumas camadas de significado, simplesmente embarcando na falta de noção generalizada. Mas Detention merece alguém que dê valor para o que o filme está tentando fazer, sem que um subestime o outro.

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