A internet não perdoa. Aloha teve uma campanha de marketing sutil, mas o elenco deve compensar ao atrair pessoas interessadas em ver Bradley Cooper, Emma Stone, Rachel McAdams ou até mesmo Bill Murray, Danny McBride ou Alec Baldwin. E é justamente por isso que o filme está chamando atenção... Mais especificamente por causa da escalação de Emma Stone no papel de uma moça com ascendência parte chinesa, parte havaiana e, em grande parte, europeia.

O fuzuê é tamanho que o diretor Cameron Crowe sentiu a necessidade de se justificar publicamente. De acordo com ele, a personagem foi baseada em uma moça ruiva real e que não se parecia nem um pouco com as origens que alegava ter – o que a motivava a sempre repetir sua história. É motivo para execrar o filme? Eu, particularmente, acredito que não.

Aloha é um drama romântico bonitinho, que talvez tenha pretensões demais para uma trama muito simples. Brian Gilcrest (Bradley Cooper) já foi um soldado sonhador, mas ‘vendeu sua alma’ para trabalhar com grandes incorporadores que atuam em parceria com o exército. Sua carreira não anda muito bem e ele está voltando para o Havaí em uma missão praticamente diplomática para o empresário Carson Welch (Bill Murray), que precisa negociar com comunidades locais.

Para acompanhar Brian em sua missão, o exército escala a prodígio Allison Ng (Emma Stone), que é extremamente correta, sonhadora e tem um profundo respeito pela comunidade local – afinal, ela é parte havaiana. Ao mesmo tempo, ele volta a cruzar com uma ex-namorada, Tracy Woodside (Rachel McAdams), que agora tem dois filhos, mas está enfrentando problemas no casamento. Não demora muito para que eles formem uma espécie de triângulo amoroso.

Se a trama de Aloha ficasse por aí, acredito que tudo estaria bem. No entanto, há um grande gasto de energia (e de orçamento) para mostrar o poder dos empreiteiros, em uma espécie de denúncia com relação às parcerias do exército com grandes capitalistas. Ao mesmo tempo, as forças armadas são parcialmente retratadas como os ‘mocinhos’, enquanto os locais são apresentados como frequentemente tradicionalistas, supersticiosos e anti-estadunidenses.

Embora esses aspectos não sejam totalmente parciais para nenhum dos lados, eles são pendentes o suficiente – e isso, para mim, merece mais discussão que a escalação da Emma Stone. Aliás, a personagem dela é a única que parece ter um pouco mais de senso, conseguindo equilibrar certo misticismo local com os ideais militares e as ambições capitalistas. É uma bagunça? É. Mas faz mais sentido que as pessoas que são simples demais.

Vale também acrescentar que esse foi um dos filmes que sofreu com os vazamentos de informação da Sony no ano passado, tendo seu roteiro (também assinado por Crowe) amplamente criticado. Isso, provavelmente, provocou o adiamento do lançamento, que estava previsto para dezembro. Mas isso são águas passadas!

Para quem não quer se preocupar com o que acontece em segundo plano, eu acredito que Aloha seja uma boa opção para esse Dia dos Namorados. Ele é romântico, charmoso, tem pessoas bonitas e não é complicado de acompanhar (se é que você me entende!).

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