Divagações: Pitch Perfect
9.6.15
Em um mundo pós Glee e High School Musical, Pitch Perfect parece o modo mais sem graça possível de dar continuidade a essa tendência em que é legal cantar músicas pop e expressar seus sentimentos na frente de todo mundo. E não deixa de ser exatamente isso... Só que não.
Baseado no livro (!?) de Mickey Rapkin, o filme envolve uma competição de canto a capella que realmente existe, embora se passe em uma universidade fictícia. Por alguma razão, a Barden University possui quatro grupos dedicados a essa modalidade e os dois principais são os Trebles – exclusivamente masculino, muitíssimo premiado e liderado pelo famosinho Bumper Allen (Adam DeVine) – e as Bellas – exclusivamente feminino, mais conhecido pela beleza que pela música e liderado pela conservadora Aubrey (Anna Camp). Nem preciso dizer que a rivalidade entre os dois grupos é enorme.
Nesse contexto, Beca (Anna Kendrick) nem queria estar cursando uma faculdade. Ela preferia se dedicar à produção musical caindo direto na prática, mas é forçada a estudar por seu pai. Como parte de um acordo entre os dois, ela entra para as Bellas e logo fica amiga das novatas. O grupo foi desmantelado após a derrota no ano anterior, de modo que Aubrey e sua amiga Chloe (Brittany Snow) são as únicas veteranas. A elas se juntam a maluquinha e espontânea Fat Amy (Rebel Wilson), a maníaca por sexo Stacie (Alexis Knapp), a ‘misteriosa’ Cynthia-Rose Adams (Ester Dean) e a praticamente inaudível Lilly Okanakamura (Hana Mae Lee). Para completar, ela começa uma espécie de amizade colorida com um dos novos ‘inimigos’, Jesse (Skylar Astin).
Com tantos personagens, até dá para perceber que tudo acontece com um fiapo mínimo de história, mas Pitch Perfect não deixa de ser divertido. Todos são absolutamente imaturos e um tanto quanto caricatos, sendo que nem o romance principal tem muita graça. Enquanto Anna Kendrick é a menina bonita e rebelde, Anna Camp é a bonita e chata e Brittany Snow é bonita e maluquinha (nenhuma precisa se esforçar muito). De qualquer modo, elas conseguem segurar algum clima de tensão, fazendo com que o filme tenha mais valor pelas brigas internas entre as meninas que pelo contexto universitário. Resta a Rebel Wilson ser o alívio cômico – e a única coisa realmente legal do filme.
O mérito da produção, ao mesmo tempo, também tem a ver com não se concentrar demasiadamente em uma protagonista, deixando que cada um tenha seu espaço. Os meninos acabam recebendo menos atenção – apenas o colega de quarto de Jesse, Benji Applebaum (Ben Platt), recebe um pouco mais de tempo de tela –, mas é preciso ter algum enfoque! Cada uma das garotas tem a sua própria voz e elas até mudam um pouco no decorrer da produção.
Pitch Perfect, no fundo, não é muito diferente de seus concorrentes que se passam no Ensino Médio. É uma história de crescimento pessoal. Ao mesmo tempo, há aquela ‘obrigação’ de criar algo que represente ‘os melhores anos de nossas vidas’. É um filme sobre a pressão de ser um universitário, embora ninguém assista uma aula sequer.
Esse é um filme para quem gosta de músicas pop, quer se empolgar com gente cantando e tem boas lembranças – ou está vivendo ou viverá em breve – da faculdade. É divertido, bonitinho e merecedor da continuação. E que venha Pitch Perfect 2!
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