Divagações: High Fidelity
12.11.15
Stephen Frears é um diretor versátil e com uma produção repleta de bons títulos. Nick Hornby é um escritor que tem um grande número de fãs e uma conexão imediata com o público jovem. Quando o primeiro resolve levar uma obra do segundo para o cinema em High Fidelity, não dá para imaginar um resultado desfavorável – e o fato de um filme de 15 anos atrás ainda ser lembrado pelo público apenas corrobora com essa percepção.
Trata-se de uma comédia romântica com um toque de drama e um protagonista bastante imaturo para a idade que aparenta ter – vamos combinar que ele também não é exatamente uma pessoa legal. Ainda assim, é a história de um término em que ele começa a reviver todos seus relacionamentos anteriores.
Rob Gordon (John Cusack) é proprietário de uma loja de discos e vive um dia a dia sem grandes pretensões ao lado de dois funcionários esquisitos, Dick (Todd Louiso) e Barry (Jack Black), de modo que seu grande passatempo é fazer listas no melhor estilo Top 5. Ele mora há alguns anos com Laura (Iben Hjejle), mas ela vai embora alegando que ele parou no tempo. Ele, então, faz sua lista de cinco piores términos e parte em busca das moças, com destaque para Penny Hardwick (Joelle Carter), Charlie Nicholson (Catherine Zeta-Jones) e Sarah Kendrew (Lili Taylor).
Como eu disse anteriormente, o protagonista de High Fidelity não é exatamente a melhor pessoa do mundo. Contudo, ele conta seus segredos diretamente para a câmera, admite que não é perfeito, faz mais burradas e demora a enxergar o que está bem na frente do nariz – ele é absolutamente humano. Para completar, nenhum dos outros personagens é exibido com mais de uma camada, geralmente bem caricata.
Dessa forma, o espectador é levado a embarcar nos dramas de Rob e acaba até simpatizando com ele. Por ser narrado por uma pessoa tão real e cheia de falhas, o filme se torna levemente imprevisível e você não sabe se ele vai voltar com Laura, vai reatar com alguma ex, vai arrumar outra namorada, vai jogar tudo para o alto e decidir por outra carreira, vai manter tudo como está ou qualquer outra possibilidade de final. Ao longo do filme, inclusive, você torce para que mais de uma dessas coisas aconteça.
Para completar, o filme aposta fortemente em uma trilha sonora cheia de elementos da cultura pop – afinal, tudo se passa em uma loja de discos! Aficionados por música vem e vão, rindo e comentando a carreira de diversos profissionais consagrados, alguns dos quais estão tocando ao fundo. Quem gosta de música vai poder captar diversos pequenos momentos em que os personagens se revelam em conversas onde expressam seus gostos musicais.
Suponho que High Fidelity não tenha sido feito para durar, mas ele possui aquelas características que fazem um filme inesquecível. Há algo de John Hughes e há muito do próprio John Cusack, que é um dos responsáveis pelo roteiro. O filme tem um bom ritmo (sem trocadilhos) e consegue balancear bem as características típicas do gênero com um personagem principal que não combina nem um pouco com tudo isso. Suponho que esteja no Top 5 de muita gente!
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