Divagações: Mean Girls

Para quem não costuma acompanhar os círculos da comédia, o nome de Tina Fey no crédito de roteiro de Mean Girls significava muito pouco...

Para quem não costuma acompanhar os círculos da comédia, o nome de Tina Fey no crédito de roteiro de Mean Girls significava muito pouco em 2004. Ela era conhecida por seu trabalho na televisão, mas é incrível como ela se tornou querida e definiu uma geração de adolescentes. Pode até parecer, mas não é exagero: Mean Girls significa muito para muita gente.

A princípio, trata-se de mais um filme sobre o dia a dia em uma High School americana. O detalhe é a escolha da protagonista. Cady Heron (Lindsay Lohan) não é feia, burra, esquisita ou antissocial – pelo contrário, ela é uma menina muito bonita, inteligente e simpática, capaz de fazer amigos sem maiores problemas. Sua única diferença é que ela nunca estudou em uma instituição antes, tendo sido educada pelos pais enquanto a família morava na África.

Veja bem: para efeito cômico (ou dramárico) seria muito mais fácil se a protagonista tivesse uma ou mais das características que citei acima. Contudo, ela é apenas uma menina absolutamente normal, mas que percebe o ambiente com um olhar novo, de quem não está acostumada – ou resignada – àquela realidade.

Assim, não demora para que Cady comece a se divertir ao lado dos esquisitões da escola, Janis Ian (Lizzy Caplan) e Damian (Daniel Franzese), ao mesmo tempo em que chama a atenção das meninas populares, lideradas por Regina George (Rachel McAdams). Em pouco tempo, ela começa a viver uma vida dupla ao tentar agradar a gregos e troianos, com direito a episódios de manipulação de suas colegas ‘patricinhas’, Gretchen Wieners (Lacey Chabert) e Karen Smith (Amanda Seyfried), e a uma paixonite pelo ex-namorado de Regina, Aaron Samuels (Jonathan Bennett).

Por mais que exista uma boa dose de planificação na personalidade das pessoas ao redor da protagonista, isso nunca é exagerado a ponto de se tornar a própria piada – exceto, talvez, no caso da personagem de Amanda Seyfried. A comédia existe com muito mais força no comportamento coletivo que no individual, focando em como todos se sentem deslocados e desconfortáveis no ambiente escolar.

Mean Girls também se beneficia do fato de que Lindsay Lohan estava muito bem acompanhada e não precisou segurar o filme inteiro sozinha, até mesmo porque ela precisa manter a compostura para que a produção atinja o efeito desejado. O elenco feminino, principalmente, foi escolhido a dedo e tem um excelente tino para fazer rir sem enfraquecer a trama. Além dos nomes já mencionados, vale destacar a presença da própria Tina Fey como a professora de matemática de Cady e a de Amy Poehler, que interpreta a inadequada mãe de Regina.

Esperto, ágil e destinado a ser imitado por várias comédias adolescentes que o seguiram, o filme consegue se manter significativo mesmo tendo se passado mais de 10 anos após seu lançamento. Isso quer dizer que fazer Ensino Médio continua sendo tão ruim quanto sempre foi, mas que isso não é um sentimento exclusivo seu ou dos seus amigos, mas praticamente geral.

E levante a mão quem já falou mal de uma amiga, chamou quem não gostava de vagabunda ou humilhou uma colega. Pois é, somos todas Mean Girls e ainda temos muito a aprender.

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