Divagações: Star Wars: Episode VIII - The Last Jedi

Séries cinematográficas muito amadas costumam ser uma ótima fonte de dinheiro para os estúdios – mas, com isso, vem também uma enxurrada d...

Séries cinematográficas muito amadas costumam ser uma ótima fonte de dinheiro para os estúdios – mas, com isso, vem também uma enxurrada de reclamações. Embora tenha recebido muito carinho e reacendido a chama da franquia, Star Wars: Episode VII - The Force Awakens teve a sua dose de críticas negativas, que acusavam a produção de ser derivativa dos filmes originais, ao mesmo tempo em que ‘atualizava’ sua linguagem para o público atual (o que não foi visto com bons olhos por todos). Por sua vez, Star Wars: Episode VIII - The Last Jedi teve que lidar com as posições contrárias – e que acabaram se mostrando mais cruéis – ao ser ‘acusado’ de fugir de conceitos básicos da saga e de trazer um humor bobo.

Posições quanto a isso à parte, é preciso considerar que o diretor e roteirista Rian Johnson foi corajoso ao sair da sombra de seu poderoso antecessor – J.J. Abrams – para fazer o filme que acreditava ser o melhor. E há muitas coisas boas no longa-metragem, que sofre com a missão de ser a parte central de uma trilogia, mas compensa acrescentando novos elementos, resgatando ideias antigas, trabalhando no desenvolvimento dos personagens e tendo seu próprio final bem definido.

Star Wars: Episode VIII - The Last Jedi começa exatamente onde o filme anterior havia terminado. Rey (Daisy Ridley) está em busca de treinamento ao lado de Luke Skywalker (Mark Hamill), enquanto Poe Dameron (Oscar Isaac) e Finn (John Boyega) lutam em conjunto com as tropas revolucionárias, liderados por Leia (Carrie Fisher). Ao mesmo tempo, Kylo Ren (Adam Driver) ainda precisa se provar perante Snoke (Andy Serkis), enquanto sua rivalidade com o general Hux (Domhnall Gleeson) parece estar em pausa frente a coisas mais importantes. E todos precisam lidar com o trauma deixado pelos acontecimentos recentes.

Eventualmente, juntam-se a eles três novos contrapontos: Rose Tico (Kelly Marie Tran), que faz parte da resistência por um verdadeiro amor à causa; a vice-almirante Holdo (Laura Dern), que é muito séria e não tolera os planos maluquinhos de Poe; e o dúbio DJ (Benicio Del Toro), que dá um choque de realidade aos espíritos sonhadores e ingênuos. Esses personagens servem não apenas para alimentar a trama, mas para apresentar perspectivas que aprofundam a luta dos personagens e dão um maior senso de propósito ao que acontece na tela. Afinal, “bem” e “mal” são apenas conceitos – e não dos mais palpáveis.

Aliás, uma das grandes novidades apresentadas por Star Wars: Episode VIII - The Last Jedi é essa tentativa de complicar os sentimentos dos personagens, praticamente transformando dilemas internos no real conflito da trama. Enquanto as pessoas comuns lutam por uma vida melhor e digna, aqueles com a capacidade de controlar a Força se voltam cada vez mais para dentro de si mesmos e passam a travar praticamente uma guerra paralela.

O detalhe é que tudo isso é feito no melhor 'estilo Star Wars de roteiro', com tiradas absolutamente bobas e/ou cafonas, além de um humor nos diálogos que se contrasta fortemente com a seriedade da trama. A inclusão dos fofinhos Porgs – utilizados também no marketing da produção –, por exemplo, serve apenas para garantir algumas piadas físicas e dar mais tempo de cena para Chewbacca (Joonas Suotamo) que, querendo ou não, acabou sendo jogado para escanteio na trama.

Ao mesmo tempo, esse não é exatamente um filme de ação. Há algumas sequências interessantes com naves, mas são poucas as batalhas diretas e acabamos vendo menos sabres de luz em ação do que seria o esperado. Ainda assim, não acredito que isso vá contra a expectativa de grande parte do público, uma vez que Star Wars sempre foi mais a respeito da aventura e da amizade que sobre perseguições e brigas.

Para completar, vale dizer que a jornada de Leia em Star Wars: Episode VIII - The Last Jedi não foi alterada após a morte de Carrie Fisher. O que acontece na tela é exatamente o que estava planejado para a personagem e não foram realizadas recriações digitais da atriz ou dublagens. Assim, o que o público encontra é uma visão intacta sobre o que era esperado da personagem – e, suponho, essa é a melhor forma que o diretor e os produtores tinham de verdadeiramente homenagear o legado de Fisher.

Star Wars: Episode VIII - The Last Jedi é um entretenimento que sabe ser sério e leve ao mesmo tempo, tentando agradar tanto aos fãs assíduos quanto ao espectador ocasional. Com isso, o filme não almeja ser uma obra-prima, mas também não quer ser uma bobagem dispensável. Ele quer gerar conversas animadas entre amigos e especulações na internet, quer fazer parte de algo grande, mas ser ele mesmo, quer divertir e ser lembrado. Pode até não ser uma unanimidade, mas cumpre seus objetivos e faz bonito na franquia.

Outras divagações:
Star Wars: Episode I - The Phantom Menace
Star Wars: Episode II - Attack of the Clones
Star Wars: Episode III - Revenge of the Sith
Star Wars: Episode IV - A New Hope
Star Wars: Episode V - The Empire Strikes Back
Star Wars: Episode VI - Return of the Jedi
Star Wars: Episode VII - The Force Awakens
Rogue One: A Star Wars Story

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