Divagações: Extremely Loud & Incredibly Close

Se existe uma coisa em particular que me incomodava antes de ver Extremely Loud & Incredibly Close , eram as opiniões que as pessoas ...

Se existe uma coisa em particular que me incomodava antes de ver Extremely Loud & Incredibly Close, eram as opiniões que as pessoas estavam emitindo sobre o filme, tão diversas umas das outras que me impediam de esperar qualquer coisa. Enquanto os espectadores comuns pareceram ter adorado, a crítica especializada não foi lá muito gentil. E posso dizer que, depois de sair da sala de cinema, entendi um pouco da opinião de ambos os lados.

Oskar Schell (Thomas Horn) é um garoto nova-iorquino que perdeu seu pai, Thomas Schell (Tom Hanks), nos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Motivado por uma relação não muito pacifica com a mãe, Linda (Sandra Bullock), e pela saudade que sentia do pai, Oskar resolve buscar por toda a cidade a fechadura para uma chave encontrada em um vaso no seu armário, esperando que ela possa conter algum tipo de mensagem de seu falecido pai.

A sinopse lembra alguma coisa? As comparações com Hugo são inevitáveis e até mesmo injustas, levando em conta que o objetivo do filme é outro. Nos dois casos temos um garoto ‘perdido’ pelas ruas em busca de uma resposta para uma morte prematura, assim, mesmo que em ambos os casos a chave – ou a fechadura – sejam apenas elementos que desencadeiam a história, em Extremely Loud &Incredibly Close o importante não é o objetivo final, mas a jornada.

Não dá para esconder que este é um filme dramático, feito para emocionar e que lança de todos os artifícios já conhecidos do gênero para isso. A relação entre pai e filho, as dificuldades do protagonista, a perda e a reconciliação, tudo é construído para o espectador se apegar e se comover. Quer dizer, essa era a intenção, mas é fácil para quem não gosta de dramas ver como os personagens são fracos – como pessoas, não no sentido narrativo – e isso pode acabar incomodando quem busca resoluções um pouco mais práticas.

Outro ponto a se ressaltar é o próprio protagonista. Apesar de o filme tentar induzir o espectador a sentir pena daquele pobre garoto, não são todos que conseguem engolir o discurso emocional. Às vezes, as dificuldades de Oskar mais irritam do que comovem. O que me levou a questionar suas atitudes em vários momentos, assim como o papel desempenhado por sua mãe, que, apesar de ter uma espécie de ‘redenção’ no fim do filme, não tem presença o suficiente para conduzir a história para outro caminho.

Assim, o filme peca em um roteiro que se apressa para fechar algumas pontas soltas de modo um pouco forçado. De certo modo, é como se toda a conclusão não encaixasse bem com o miolo da trama. Apesar disso, ele é tecnicamente muito competente, com uma boa fotografia e uma boa construção dos personagens nos pequenos detalhes.

Ou seja, não acho que Extremely Loud & Incredibly Close tenha apenas deméritos. O problema maior é exatamente a condução da história para o drama de um modo tão fechado que realmente é difícil agradar quem gosta de outro tipo de narrativa. Eu facilmente veria e até mesmo gostaria, de outro filme com estes mesmos personagens em um cenário um pouco mais leve e sem a pretensão de fazer o publico chorar. Desse modo, acho que ele cabe muito bem para aqueles que não só gostam do estilo, mas estão no clima para um melodrama mais explícito. Quem busca por algo mais sensível ou sublime, dificilmente vai encontrar nesse filme o que procura.


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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